O Flamengo sonha com a chegada de Claudinho para rejuvenescer seu setor de criação e ganhar uma opção para suprir as seguidas ausências de Arrascaeta. Já o Palmeiras tem no volante Wendel sua principal aposta para saciar a fome de reforços da sua torcida, amplificada por conta da fase ruim dentro de campo.
Só que as possíveis contratações dos dois clubes economicamente mais poderosos do Brasil têm esbarrado em uma rocha quase instransponível: os altos valores exigidos pelo Zenit São Petersburgo.
Apesar do desejo expresso pelos dois brasileiros de “voltar para casa”, os russos não estão se mostrando dispostos a colocar seus jogadores em oferta e pedem algo em torno de 20 milhões de euros para liberar cada um deles (quase R$ 108 milhões).
Essa pedida, que faria de Claudinho e Wendel os reforços mais caros da história do futebol brasileiro, não é nenhuma surpresa para quem está acostumado com a forma de o Zenit agir no Mercado da Bola. Tirar um jogador do atual pentacampeão russo não costuma ser nada fácil.
Por que é tão difícil negociar com o Zenit?
Bancado pela Gazprom, gigante do mercado de gás natural, e politicamente próxima do presidente Vladimir Putin, o Zenit é um clube de topo da “cadeia alimentar” na Rússia. Isso significa que ele é a aspiração máxima dos jogadores que atuam por lá e que não costuma perder seus atletas para equipes compatriotas.
Mas diferente do que acontece no Brasil, onde Flamengo e Palmeiras também gozam desse status, o futebol russo raramente negocia jogadores do seu primeiro escalão com outros mercados. Um motivo é o lado técnico. O outro é que equipes como o Zenit têm muito dinheiro e pagam altos salários para seus principais nomes.
Nas últimas cinco temporadas, o clube de São Petersburgo gastou mais com a chegada de novos jogadores do que faturou com transferências de atletas. Na prática, isso significa que ele não precisa se desfazer dos seus destaques para pagar as contas e ampliar seu potencial de investimento.
Guerra complicou de vez o mercado
A invasão da Ucrânia por tropas da Rússia, no começo do ano passado, dificultou ainda mais a vida dos clubes que desejam contratar jogadores do Zenit.
Como o futebol russo está sofrendo pesado boicote do Ocidente desde o início da guerra, as equipes de lá quase não têm conseguido se reforçar com atletas do exterior -isso explica por que o time de São Petersburgo está aproveitando toda chance que aparece para tirar jovens valores do Corinthians.
Como a chegada de reforços de peso está praticamente paralisada, o que torna bem complicado o processo de descolar peças de reposição, a ordem é dificultar ao máximo a saída das estrelas já estabelecidas no cenário local. E esse é o caso de Claudinho e Wendel.
Yuri Alberto foi exceção
Dentro desse contexto, a exceção foi o retorno de Yuri Alberto ao Brasil, por empréstimo no ano passado e em definitivo desde janeiro. O Zenit aceitou negociá-lo com o Corinthians sem receber um centavo de imediato.
Na época, o clube russo achou que valia a pena se desfazer do atacante, que desejava ser repatriado, em troca de direitos econômicos/empréstimos de quatro jovens: Robert Renan, Du Queiroz, Gustavo Mantuan e Ivan.
Mas vale ressaltar que Yuri ainda não era uma realidade no Zenit, ao contrário de Claudinho e Wendel. O atacante ficou apenas um semestre na Rússia e disputou míseras 15 partidas pelo clube.
Retirado de: Uol