Um processo movido pelo Flamengo desde 2020 contra o jornalista Gian Oddi e a ESPN ganhou um novo capítulo.
Gian e a ESPN ganharam o recurso na Justiça após derrota em primeira instância. No ano passado, ambos foram condenados: o jornalista teria que ler um direito de resposta do Flamengo na emissora, e a ESPN deveria pagar uma indenização de R$ 45 mil (R$ 15 mil para o clube e R$ 15 mil para cada um dos dois dirigentes que participaram da ação). O UOL teve acesso ao processo.
A ação judicial aconteceu por conta de uma declaração de Gian Oddi, durante o programa Linha de Passe, do dia 16 de março de 2020, sobre a votação para a paralisação do Campeonato Carioca daquele ano devido à pandemia de covid-19.
Os autores da ação foram o Flamengo, o presidente Rodolfo Landim e o vice-presidente Rodrigo Dunshee.
A Justiça decretou que as despesas legais devem ser pagas pela parte que perdeu o caso, e os honorários do advogado serão calculados com base no valor da causa. O Rubro-negro pode recorrer.
A reportagem tentou contato com Gian Oddi e a ESPN, que não vão se pronunciar, e com o Flamengo, mas não recebeu resposta até o momento da publicação. Caso ocorra, a matéria será atualizada.
O que Gian Oddi disse?
— Nada justifica a postura desses dirigentes de tentarem manter o campeonato, de continuar com os jogos, porque eles sabem muito bem quais seriam as consequências de continuar jogando. É uma diretoria desumana. Já se mostrou uma diretoria desumana, e tem se mostrado uma diretoria desumana, no caso dos garotos do Ninho, e volta a se mostrar uma diretoria desumana, que pensa em dinheiro, em tabela de Excel. É planilha de Excel que eles querem saber. Pensa em títulos, são competentes nisso, são competentes em ganhar dinheiro, mas, na hora que você está falando de gente, os caras são terríveis. Para mim, beira o mau-caratismo isso daí. Não é possível.
Gian Oddi está na ESPN desde 2009 e faz parte do time do Linha de Passe.
O UOL teve acesso à decisão da Justiça
Note-se que a fala do 1º réu indicada pelos autores, em que ressalta o fato de ser desumano (ou mesmo haver mau-caratismo) possibilitar a exposição dos atletas nos jogos do campeonato, diante da pandemia, caracteriza opinião pessoal dada no ‘calor da emoção’ do debate, diante de tema tão sensível.
Não se viu a intenção de denegrir a imagem, nem do clube, nem de seus dirigentes, cujo nomes sequer foram citados, até porque o jornalista também ressalta qualidades destes, como cultura e inteligência.
O que se constata é que o jornalista apenas deu ressonância a fatos que vinham sendo debatidos em toda a mídia acerca do tema e que deveriam ser mostrados ao público que se interessa pelo esporte, e, ainda, para que servissem de alerta às autoridades sanitárias.
Na verdade, não houve exposição desleal dos autores, especialmente naquele ambiente, em que se sabe se tratar e discutir sobre “a paixão nacional”, que é o futebol, cumprindo ressaltar serem os dirigentes pessoas públicas e alvos naturais das discussões sobre a matéria, que se assemelham muito a debates políticos.
Retirado de: UOL