Evertton Araújo, autor do gol de empate do Flamengo contra o Athletico-PR no último domingo, destacou-se por sua determinação e força de vontade. A jogada, em que escapou de uma tentativa de marcação para cabecear a bola, reflete a trajetória de vida do jovem de 21 anos, marcada por desafios e superações.
Nascido em Santa Cruz, Volta Redonda, Evertton cresceu em uma família humilde. Filho caçula de Seu Paulo e Dona Danielle, começou a jogar futebol aos 4 anos. Inicialmente, jogava nas quadras da vizinhança e, aos 6 anos, foi matriculado na escolinha do Roberto Dinamite. Ali, desenvolveu suas habilidades que mais tarde o levariam a se destacar.
A carreira de Evertton teve início no Volta Redonda, onde passou por dificuldades financeiras. Muitas vezes, pedalava cerca de 25 minutos para treinar, pois seus pais não tinham condições de pagar as passagens de ônibus. Mesmo assim, com o apoio da família, conseguiu superar essas adversidades. Foi nesse período que enfrentou a frustração de ser dispensado tanto pelo Cruzeiro quanto pelo Botafogo.
Durante um hiato sem clube, Evertton optou por um plano B e fez um curso de barbeiro. Chegou a cortar cabelo por R$ 10 a R$ 15, realizando atendimentos em domicílio e no CT do Volta Redonda. Esse período difícil fortaleceu sua determinação de continuar no futebol, equilibrando a jornada dupla até conseguir uma nova oportunidade.
O destaque de Evertton na Copinha de 2022 pelo Volta Redonda chamou a atenção do Flamengo, que o contratou inicialmente por empréstimo. Suas boas atuações lhe garantiram um contrato definitivo, com o Flamengo adquirindo 70% de seus direitos por R$ 1,1 milhão. A trajetória do jovem no clube tem sido ascendente desde então.
Efetivado no profissional em 2024, Evertton já vinha sendo relacionado por Tite e conta com Gerson como padrinho no elenco. Seu gol contra o Athletico-PR foi um marco especial, dedicado à família que sempre o apoiou. A reação emocionada de Evertton ao telefone com sua mãe após o jogo, demonstra a importância do apoio familiar em sua jornada.
— Passa milhões de coisas na cabeça, né? Já lembro da época do Volta Redonda, quando eu comecei. Onde minha família sempre me apoiou, sempre me orientou. Mas nós já passamos muita dificuldade, muita dificuldade dentro de casa. E passa um milhão de coisas na cabeça. Pô, gratidão, gratidão por tudo. Por isso que dediquei esse gol para minha família, por tudo que a gente já passou, tudo que eles já fizeram por mim. Estou muito feliz, cara, disse ele antes de completar:
— Eu liguei para minha mãe, ela chorando. Não consegui segurar também e comecei a chorar. Minha família toda mandando mensagem. Para mim, isso não tem preço, finalizou o atacante.