O atacante revelou como foi a volta para o time que o revelou
Aos 32 anos, Lucas Moura, atacante do São Paulo, revelou á revista Placar como foi ficar livre de contrato pela primeira vez na carreira, e como decidiu voltar ao clube que o revelou, em uma decisão que misturou emoção e oportunidade.
“Eu fiquei livre de contrato pela primeira vez na minha carreira e estava aqui no Brasil, bem na época da semifinal contra o Corinthians. Estava em um resort com a minha família vendo o primeiro jogo com muitos são-paulinos. Fiquei torcendo, sofrendo, e todo mundo pedia: ‘Lucas, volta para o segundo jogo’. No dia seguinte, o Milton Cruz me ligou e deu tudo certo.”
Lucas está em uma fase em que o corpo exige mais cuidados. Ele sabe que, embora ainda ame estar em campo, precisa pensar a longo prazo.
“Eu queria jogar todos os jogos, é o que eu amo fazer, mas precisamos ser inteligentes.” Nos últimos meses, Lucas enfrentou três lesões, e ele não esconde a frustração com alguns fatores que acredita influenciar diretamente nesse desgaste físico: “Tem o calendário, as viagens, os gramados… E os campos sintéticos, eu sou totalmente contra. Estamos muito atrás nesse sentido. Os jogadores sentem na pele.”
Além das condições dos campos, Lucas também criticou o ritmo dos jogos no Brasil, que para ele são constantemente interrompidos pela arbitragem.
“Aqui se pica muito o jogo com faltinhas. E a gente perde muito tempo reclamando com o juiz, formando aquele bolinho quando vai para o VAR. Precisamos melhorar nossa cultura, né? Ainda tem muita cera, simulação, gandula que some com a bola quando o time está ganhando, e o juiz às vezes é mais caseiro. Lá na Europa, não se vê tanto isso.”
Um dos momentos mais marcantes da carreira de Lucas foi a final da Liga dos Campeões de 2019, quando, após uma atuação histórica nas semifinais, com três gols contra o Ajax, ele acabou ficando no banco na decisão contra o Liverpool.
“Foi um banho de água fria. O natural seria eu jogar. Não só pelos gols, mas eu vinha atuando muito bem”, relembra.
“Fizemos a preleção no hotel, e o Pochettino revelou a escalação. Ficou um clima tenso no ônibus, todo mundo me olhando. Eu estava ‘P’ da vida, mas focado em ajudar o time.”
Mesmo com a frustração, Lucas guarda boas lembranças daquele período.
“Procuro não pensar muito nesse episódio. Fico com a alegria da semifinal e o orgulho de ter jogado uma final de Champions. Sou muito competitivo, mas tenho muito orgulho daquela medalha de prata.”
Lucas também se destaca pela sua disposição em ajudar o time, mesmo jogando fora de sua posição natural. “Jogo até de lateral, se precisar. Sou muito coletivo, penso sempre no time”, diz, mas admite que já foi criticado por isso. “Às vezes dizem que eu deveria ser mais egoísta.”
Fora de campo, Lucas Moura não foge de questões polêmicas. Um dos raros momentos em que ele se viu no centro de debates acalorados foi quando declarou apoio à candidatura de Jair Bolsonaro em 2018 e 2022. Ele mantém sua postura conservadora, mas hoje busca mais cuidado ao expor suas opiniões.
“Tem muita gente que me acompanha e quer saber o que eu penso. E não vejo problema em a minha opinião ser diferente da sua. O que me incomoda é essa polarização, essa briga. Não dá para conviver normalmente? O mundo é assim, as pessoas têm opiniões diferentes. Infelizmente, existem os extremos e pessoas que não aceitam as visões alheias”, finalizou o atacante.1