São Paulo celebra conquistas, mas enfrenta crise financeira crescente sob gestão Casares
O São Paulo viveu um ciclo de transformações nos últimos anos. Após quase uma década sem títulos, o clube voltou a erguer troféus importantes, como a Copa do Brasil em 2023 e a Supercopa Nacional em 2024. No entanto, o custo desse retorno ao protagonismo esportivo é motivo de crescente preocupação para os torcedores e conselheiros do clube.
Sob a presidência de Julio Casares, que assumiu em 2021, as dívidas do São Paulo aumentaram de forma significativa. Segundo o balanço financeiro de 2023, o passivo tricolor atingiu R$ 666,6 milhões, número que o próprio presidente admitiu, em setembro deste ano, já ter ultrapassado R$ 700 milhões.
Dados levantados pelo historiador Alexandre Giesbrecht, do portal Anotações Tricolores, revelam que, nos três primeiros anos da gestão Casares, o São Paulo acumulou um prejuízo de R$ 170,7 milhões. Caso o déficit previsto para 2024 — que já soma R$ 185 milhões apenas no primeiro semestre — se concretize, a atual administração poderá encerrar seu mandato com perdas financeiras superiores às do ex-presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, que acumulou um déficit de R$ 223 milhões em cinco anos.
Essa deterioração financeira ocorre apesar das recentes mudanças no estatuto do clube, que permitiram a reeleição de Casares para um segundo mandato. A medida gerou polêmica, sendo classificada por opositores como um “golpe” para perpetuar o poder do atual grupo dirigente.
Para tentar contornar o problema, o Conselho Deliberativo aprovou, em outubro, a criação de um fundo de investimento gerido pelas empresas Galapagos Capital e OutField Inc. O fundo visa captar R$ 240 milhões, com foco na reestruturação da dívida a curto prazo e na redução de juros.
Em contrapartida, o São Paulo aceitou adotar rígidas regras de governança:
- Limitação de gastos com futebol a R$ 350 milhões anuais ou 50% da receita bruta;
- Teto de R$ 25 milhões anuais para salários de funcionários administrativos;
- Restrições para contrair novas dívidas acima de R$ 10 milhões por trimestre;
- Veto à cessão de receitas futuras sem autorização do fundo;
- Obrigação de apresentar lucro anual a partir de 2025.