Alexsandro Ribeiro é dono de mais uma das emocionantes histórias de superação que permeiam o futebol. Revelado no Flamengo, vivendo o sonho de se tornar jogador no clube de coração, ele ficou sem clube, rodou por todo lado, enfrentou dificuldades e a geladeira vazia, até chegar ao Lille, da França, para, enfim, disputar a Champions League e reencontrar um antigo companheiro de Gávea, Vini Jr.
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O zagueiro de 25 anos, titular de um dos mais tradicionais clubes franceses, Alexsandro Ribeiro batalhou muito até vislumbrar verdadeiramente uma convocação para a Seleção Brasileira.
Ele surgiu junto de Vinicius Júnior nas categorias do Flamengo, mas seguiu um caminho diferente do craque do Real Madrid. Alexandro contou em uma entrevista ao site ‘GE’, como não teve espaço no Mais Querido, foi rejeitado por Vasco e Botafogo, passou em um teste no Fluminense, mas depois de dois meses foi dispensado.
O jogador afirmou que pensou muitas vezes em desistir do sonho de ser jogador de futebol profissional, mas que a família foi o que o motivou a seguir adiante.
“Sempre me reergui pensando na minha família. A situação que a gente estava era muito precária, e eu queria tirar dessa situação. Mesmo que aquilo me entristecesse, me desanimasse, quando eu abria a geladeira e não tinha nada para comer, abrindo o armário e não tinha um biscoito… Aquela situação que era negativa, eu transformava em positiva para me reerguer. Foi a falta de tudo, do básico, dentro da minha casa que eu fiz como se fosse positiva. Eu menti para mim mesmo. Eu sabia que as coisas poderiam não acontecer, mas eu voltei a acreditar e fiz acontecer. Eu desisti, mas com as dificuldades que passei dentro de casa, eu tornei isso a minha força”, contou.
Com as negativas do mundo da bola, Alexsandro pensou em abandonar a carreira várias vezes, mas usou as dificuldades como maior força.
“Alex, não desista, cara. Você é capaz de realizar o seu sonho. Torne essa situação positiva em negativa. Agarre com todas as suas forças que você vai conseguir. Você vai realizar o sonho de dar a casa da sua mãe, de tirar a sua família dessa situação. Segue firme e acredite em Deus”, revelou.
Após um ano e meio sem clube, ele fez todo tipo de trabalho para levar comida para a mesa. Ainda jovem, assumiu a responsabilidade pelos quatro irmãos mais novos que tem e fez todo tipo de trabalho, como em obras, com corte de grama, como feirante, catador de latinha.O importante mesmo era ter o que comer.
Mas o tempo que passou no Fluminense serviu para que ele construísse uma relação de amizade com o treinador das categorias de base da época, Leo Percovich. O técnico do sub-20 estava no Resende, do Rio de Janeiro, e teve uma oportunidade para ir a Portugal. Junto dele, levou Alexandro.
O atleta foi para a ilha de Açores, no meio do oceano Atlântico, e assinou com o Praiense, da terceira divisão de Portugal. Depois foi para o Amoras, Chaves, da segunda divisão, e pela boa sequência que vinha tendo, esperava uma proposta de algum time da liga principal. Foi aí que chegou uma proposta do Lille, da França.
Alexsandro conta que decidiu imediatamente ir ao país e que é apaixonado pelo clube e pela cidade, com quem assinou contrato até 2028. A mudança brusca de realidade é bastante comemorada pelo defensor, que enfrentou o Real Madrid, em outubro, pela Liga dos Campeões da UEFA, na vitória por 1 a 0.
“Quando estava no túnel para entrar em campo, do nada o Vini veio e me deu um abraço. Falou: “Estou feliz por te ver aqui, irmão. Depois do jogo a gente conversa”. Aquilo encheu meu coração de alegria e motivou ainda mais dentro de campo, o que foi um pouco ruim para ele. Aquilo me inspirou de uma forma muito grande”, revelou.
Ele recordou o momento especial de ter reencontrado o velho amigo das categorias de base do Flamengo, que não via há dez anos.
“A gente ficou 10 anos sem se ver, sem se falar. Ele lembrou daquele tempo que a gente estudava em Vargem Grande, do tempo que a gente jogava junto, e aquilo foi muito positivo. Ficamos resenhando o tempo todo (depois do jogo) falando da época de escola, da época de Flamengo. Ele falou o quanto eu evoluí, o quanto eu cresci, que estava feliz. Eu também estava feliz por ver ele. Eu o vi com 14, 15 anos… Depois de 10 anos, vi dessa forma, disputando Bola de Ouro. Fico feliz por ele. Ele vem de uma situação difícil, em São Gonçalo, onde ele morava. Eu lembro do primeiro jogo dele, contra o Atlético-MG, e aquilo me motivou a avançar. Sem ele saber, ele motiva muitas pessoas. É um moleque de ouro”, disse.
Agora, jogando bem pelo Lille, ele ainda não atingiu todos os sonhos que tem. Ele quer aproveitar o bom momento para galgar uma convocação na Seleção Brasileira, do técnico Dorival Jr.
“Estou num momento muito positivo junto com o clube. Estamos numa crescente muito boa. Individualmente, as coisas estão acontecendo. Pouco a pouco, meu nome está expandido, meu futebol está chegando em todo lado, inclusive no Brasil, que acho o principal. Continuando assim, tenho certeza que esse sonho vai se tornar realidade. Copa do Mundo também, com certeza. Sei que está um pouco distante, mas é pensar no agora. Passo a passo, dia a dia, semana a semana, ir plantando e no final colher coisas boas”, finalizou.