A declaração de Leila Pereira direcionada a Abel Ferreira, do Palmeiras 

Leila Pereira durante coletiva do Palmeiras (Foto: Reprodução)

A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, falou publicamente sobre a resposta machista que o treinador Abel Ferreira deu à jornalista Alinne Fanelli, da rádio BandNews FM. Ela assumiu a posição de privilégio em que está e afirmou que por isso nunca sentiu a necessidade de se posicionar com efusividade sobre certos temas, como o machismo e a misoginia.

Depois da goleada em cima do Cuiabá por 5 a 0, no Estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas, o treinador Abel Ferreira concedeu entrevista coletiva e ao ser questionado sobre a situação do lateral Mayke, pela jornalista Ancine Fanelli, da rádio BandNews FM, ele deu devolveu com uma resposta ríspida.

“Mais uma lesão. Eu tenho que dar satisfações a três mulheres só: minha mãe, minha mulher e a presidente Leila. São as únicas que têm o direito de vir falar comigo e pedir explicações. Por que perdeu, por que lesionou? As únicas. Os outros podem falar, se manifestar, elogiar ou criticar, o treinador tem que saber ouvir elogios e críticas”, disse.

A declaração foi considerada de teor machista e misógino, causando uma repercussão negativa em volta do treinador. Na partida seguinte, após a vitória por 2 a 0 sobre o Athletico Paranaense, ele pediu desculpas.

“No final do jogo contra o Cuiabá, há uma semana, uma hora depois do jogo, eu liguei à Alinne e falei com ela, retratei-me e pedi desculpa. No dia seguinte, nas minhas redes sociais e publicamente, voltei a retratar-me. Hoje, uma semana depois, estou aqui, mais uma vez, para pedir desculpa e voltar a referir aquilo que disse no início: os desvios cometidos não fazem a regra, nem definem as pessoas”, disse.

A situação chamou atenção porque o treinador está sob o comando de uma mulher. Leila Pereira é presidente do Palmeiras desde 2021 e se esperava uma reprimenda ou posicionamento mais efusivo dela. Mas, isso nunca aconteceu até uma entrevista concedida ao site UOL e que foi publicada na última sexta-feira (22/11).

Ela disse que por estar em uma posição de privilégios entende que talvez por isso nunca sentiu a necessidade de se manifestar sobre o tema anteriormente.

“Eu nunca liguei com esse negócio de: ‘você é mulher então tem mais dificuldade’. Não sei se é porque sempre estive em uma empresa do meu marido, muito rica, pode ser com que isso não tenha me feito perceber essa dificuldade que as mulheres têm. Sempre lidei com muito homem no mercado corporativo e financeiro. Sempre lidei de igual para igual, com muita personalidade. Me tornei conselheira e presidente do Palmeiras, fui eleita pela grande maioria de votos de homem. Não posso dizer que meu clube foi machista porque eles elegeram pela primeira vez na história uma mulher presidente desse clube gigante, de tradição italiana, machista, mas eu não me coloco nessa posição”, disse.

Ela ainda se estende dizendo que não concordou com as afirmações de que Abel tinha sido machista. Segundo ela, por o conhecer tão bem, não se indisporia com o treinador por isso.

“Às vezes, eu não concordo com o posicionamento das mulheres. Naquele caso, não achei que ele foi machista. É difícil pra mim porque eu conheço o Abel, estou diariamente com ele. É diferente de pessoas que não convivem com ele diariamente. Eu não tenho dúvida nenhuma se fosse um homem perguntando aquilo, ele falaria a mesma coisa. O azar foi que era uma mulher. Ele errou, claro. Mas o Abel não é machista, então eu não vou me indispor com o meu treinador. Eu conhecendo como ele trata as mulheres, como ele é no dia a dia, eu não vou fazer isso. Achei que não deveria falar absolutamente nada. Eu, no lugar do jornalista, qualquer homem que me fale uma coisa que eu não goste, no momento eu falaria: ‘olha só, estou aqui trabalhando, e você também. Estou fazendo uma pergunta, singela. Por favor, não seja grosseiro comigo’”, finalizou.