Durante o evento “Summit CBF Academy”, realizado em São Paulo, Dorival Júnior, técnico da Seleção Brasileira, chamou atenção para um tema que pode impactar diretamente o futebol nacional: a necessidade de reduzir o limite de jogadores estrangeiros por partida no Campeonato Brasileiro. Atualmente, os clubes podem relacionar até nove atletas estrangeiros por confronto, uma medida que foi ampliada no início de 2024.
Dorival justificou sua proposta utilizando a Itália como exemplo. Ele lembrou que a liga italiana permitiu a presença de até 11 jogadores estrangeiros em seus clubes, o que contribuiu, segundo ele, para o enfraquecimento da seleção nacional. Como resultado, a Itália ficou fora de duas edições consecutivas da Copa do Mundo, algo que ele teme que possa se repetir no Brasil, caso o cenário atual não seja revisado.
“Chamo a atenção para um último detalhe: a Itália abriu para que dentro da comunidade europeia 11 jogadores (estrangeiros) pudessem transitar entre seus clube. Nós tínhamos equipes italianas com nenhum dos 11 atletas formados na Itália. E a Itália ficou duas Copas do Mundo afastada. Não perceberam o quanto foi prejudicial tudo isso”, disse Dorival.
Impacto no Flamengo
O Flamengo é um dos clubes que mais podem ser afetados por essa possível mudança. Atualmente, o elenco rubro-negro conta com oito jogadores estrangeiros, entre eles nomes de destaque como Arrascaeta, De la Cruz, Pulgar e Rossi. Caso o limite seja reduzido, o clube precisaria ajustar seu planejamento, tanto na montagem do elenco quanto na utilização de jogadores nas partidas.
A gestão do Flamengo, conhecida pela forte presença de atletas internacionais em seu grupo, teria de lidar com um desafio adicional para manter o equilíbrio técnico da equipe. Além disso, seria necessário repensar futuras contratações, já que uma limitação maior dificultaria a chegada de novos reforços estrangeiros.
Preocupações com a formação nacional
Para Dorival, o alto número de estrangeiros nos clubes tem afetado negativamente a revelação de jovens talentos no Brasil. Ele destacou que 12 dos 20 times da Série A, atualmente, contam com centroavantes estrangeiros, o que pode restringir oportunidades para jogadores formados nas categorias de base. Além disso, o técnico alertou para a saída precoce de promessas brasileiras para clubes europeus, um fenômeno que enfraquece o desenvolvimento técnico local.