Empresário presta depoimento sobre o caso Vai de Bet e Corinthians

Escudo do Corinthians na Néo Química Arena (Foto Reprodução/Instagram)

Polícia investiga esquema de intermediação de contrato entre VaideBet e Corinthians envolvendo empresas de fachada

Em depoimento obtido pelo Fantástico, da TV Globo, o empresário Antônio Pereira dos Santos, conhecido como Toninho, revelou ser o responsável pela intermediação da negociação entre a casa de apostas VaideBet e o Corinthians. No entanto, ele foi excluído do contrato final e não recebeu a comissão que havia acordado. A versão de Toninho foi confirmada por José André da Rocha Neto, proprietário da VaideBet, que afirmou à Polícia ter solicitado a ajuda de Toninho para estabelecer contato com a diretoria do Corinthians em dezembro de 2023.

Quando o contrato foi formalizado, a empresa que foi registrada como intermediadora do acordo foi a Rede Social Media Design, de Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé. Alex Cassundé tinha uma relação com o Corinthians, já tendo trabalhado na campanha eleitoral de Augusto Melo para a presidência do clube. A comissão que Alex teria direito no negócio foi estipulada em 7% do valor total do contrato, o que corresponde a R$ 25,1 milhões.

Em seu depoimento, Toninho explicou que a função de intermediar o acordo era algo natural em negociações de grandes negócios, comparando à prática comum no show business ou na venda de imóveis, onde o intermediário sempre recebe uma comissão. Ele também revelou como entrou em contato com o Corinthians por meio de seu funcionário, Sandro dos Santos Ribeiro, que tinha um conhecido dentro do clube, Washington de Araújo, responsável pelas redes sociais do Timão.

A negociação se concretizou em uma reunião realizada em 27 de dezembro de 2023, em um hotel de São Paulo, cinco dias antes da posse de Augusto Melo como presidente do Corinthians. No encontro, além de Toninho e do dono da VaideBet, José André da Rocha Neto, estavam presentes o futuro presidente Augusto Melo, o futuro diretor administrativo Marcelo Mariano e outros membros da direção do clube. Durante a reunião, Melo teria deixado o local antes do final, deixando o comando para o futuro diretor Marcelo Mariano.

A discussão sobre a comissão foi um ponto importante do encontro, mas segundo Toninho e Sandro, foi sugerido por Marcelo Mariano que o contrato deveria ser firmado por uma empresa já cadastrada no clube, que tinha histórico de trabalho com o Corinthians. Isso excluiu Toninho da negociação e o fez se sentir prejudicado, já que, segundo ele, “eu deveria ter direito à comissão por minha intermediação.”

Em março de 2024, o Corinthians realizou dois depósitos no valor de R$ 700 mil cada para a empresa de Alex Cassundé, empresa registrada como intermediadora do contrato. Segundo a Polícia, depois dos depósitos, a maior parte do dinheiro foi movimentada por meio de contas de empresas de fachada, que seriam fictícias e estariam em nome de laranjas.

O delegado Thiago Fernando Corrêa, responsável pela investigação, revelou que as empresas estão ligadas ao litoral de Peruíbe e afirmou que algumas delas estariam relacionadas à organização criminosa PCC. Ele destacou que o inquérito investiga crimes como “furto qualificado, apropriação indébita, corrupção privada no esporte, prevista na Lei Geral do Esporte”, e também lavagem de dinheiro.