Comentarista reprova chegada de novo técnico ao Botafogo

Escudo do Botafogo (Foto: Reprodução)

A incessante busca por um técnico fez o Botafogo rodar tanto até voltar e cair num nome que já havia cogitado anteriormente: Adenor Bachi. O movimento pela contratação de Tite, porém, tem dividido opiniões e levantado questionamentos quanto às análises conceituais de John Textor.

O jornalista Luciano Mello, por exemplo, aprova o nome de Tite e até o considera superior a outras opções avaliadas pelo Glorioso. Apesar disso, o comunicador vê a possível chegada ao Botafogo como um erro da SAF alvinegra.

“O interesse no Tite e a possível contratação dele, as duas coisas para mim, são um erro conceitual do Textor. Vou explicar por quê. Eu gosto do nome do Tite, acho melhor do que vários desses citados, como Rafa Benítez e Tata Martino. Eu traria o Tite muito antes desses aí também”, iniciou.

“Para mim, é um erro conceitual por quê? Porque, na semana de virada do ano, nos últimos dias de dezembro, primeiros dias de janeiro, eu não lembro qual veículo publicou o nome do Tite, e aí, vários jornalistas foram perguntar para o Textor, que dizia o que não queria o Tite “porque não se enquadra no modelo que eu penso para esse Botafogo”. Ele disse”, recordou Mello durante a última edição do ‘Redação SporTV’.

Treinador ideal para o modelo

A análise de Luciano Mello aponta para “uma contradição direta” de John Textor em sua metodologia de trabalho. Isso porque para além da questão conceitual, o norte-americano também usou um discurso de resistência à pressa na busca por um nome ideal.

“É uma contradição direta com o que o Textor está pregando, inclusive, que não é ter pressa porque tem um processo, por precisar achar o treinador ideal para o modelo. E com todas as questões de atraso de planejamento que a gente está falando aqui, tem que respeitar o processo do Textor”, prosseguiu Luciano.

“No ano passado, deu certo, ele ficou um mês e meio para contratar o Artur Jorge, o Fabio Matias comandou um time na pré-Libertadores, aquele confronto com o Bragantino, deu tudo certo. “Ah, quer dizer que sempre vai dar certo?” Não. Mas se você está pregando, desde o ano passado, desde que o Textor assumiu, a paciência, ele esperou o Luís Castro sair da Copa do Catar para chegar ao Botafogo”, e concluiu:

“Ou está conceitualmente equivocado ou, no mínimo, se contradizendo, se depois de um mês que ele fala “esse treinador não se enquadra no meu modelo”, é porque bateu o desespero, porque perdeu para Flamengo, o que aconteceu? Conceitualmente é um erro esse interesse do Textor no Tite. E acho que o Tite tem todas as condições de fazer um ótimo trabalho no Botafogo”.

Tite durante jogo contra o Palmeiras, pelo Brasileirão, no Maracanã (Foto: Divulgação/Flamengo)

Incompatibilidade de propostas

Companheiro de bancada de Mello, o jornalista Pedro Moreno seguiu pela mesma linha do colega na análise sobre o conflito de ideias no estilo de jogo. O comunicador recordou o trabalho aquém no Flamengo, entre 2023 e 2024, e questionou se as propostas apresentadas por Tite são compatíveis com o que foi visto do Alvinegro nas últimas duas temporadas.

“O Tite, assim, na verdade, me estranhou ter feito um trabalho muito abaixo da média no Flamengo. Porque, nos últimos anos, se a gente for pegar o principal treinador brasileiro, é o Tite. Agora, o trabalho dele no Flamengo de fato foi bem abaixo. E, realmente, se a gente for pegar de ideia do Botafogo nas duas últimas temporadas, o Tite não é exatamente o treinador que reproduz esse tipo de jogo”, prosseguiu:

“Em determinado momento, até na Seleção Brasileira, a gente tinha um time que era, de certa forma, uma organização que a gente sempre viu nas equipes do Tite e, ainda assim, era um time que conseguia fazer gols, encontrar espaço, aplicada até algumas goleadas, mas não é o normal do trabalho do Tite. O trabalho do Tite não é marcado, não é de ser um time ofensivo, tão ofensivo como a gente viu no Botafogo nos últimos anos”.

E completou: “Acho, também, que pode chegar e pode fazer um grande trabalho, agora, de fato, vai representar uma ruptura nessa ideia que a gente tem visto do Botafogo nos últimos anos”.

O nome de Tite

Paulo Vinícius Coelho revelou em sua coluna no ‘UOL’ que as análises sobre Tite ocorreram de formas distintas às noticiadas pela imprensa. Isso porque no primeiro contato, Adenor sinalizou ao Alvinegro que tinha interesse em transferir-se ao exterior e, por isso, as tratativas não avançaram.

Depois, no que ele chama de “meio do caminho”, a informação passou a ser de que Tite aceitaria conversar. “Houve sinal, não houve avanço”.