O Flamengo anunciou a celebração de um acordo com a família de Christian Esmério, última entre as 10 vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, em 2019, que ainda não havia sido indenizada. O jovem goleiro, de 15 anos, defendia a seleção de base e era considerado uma promessa do futebol. O clube destacou que o acerto era uma prioridade da atual administração, com as negociações sendo retomadas no final do mês anterior ao anúncio do acordo.
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O processo corria na Justiça do Estado do Rio de Janeiro, sob o número 0305333-17.2021.8.19.0001. Em decisão de 2022, o Flamengo foi condenado a pagar cerca de R$ 2,82 milhões em danos morais aos pais de Christian, valor dividido igualmente entre eles, além de R$ 120 mil ao irmão. O clube também já pagava uma pensão mensal de R$ 7 mil aos genitores, compromisso que deveria se estender até 2048 ou até o falecimento dos mesmos. Tanto o Flamengo quanto a família recorreram da sentença, divergindo sobre o valor da pensão e o vínculo prolongado com o clube.
O valor final da indenização pactuada não foi revelado, protegido por cláusula de confidencialidade. Ainda assim, sabe-se que o montante é inferior ao solicitado inicialmente pela família, que pedia R$ 5,2 milhões para os pais e R$ 240 mil para o irmão, além de R$ 3,9 milhões em pensões. Por outro lado, o acordo superou a proposta da Câmara de Conciliação, que sugeria R$ 2 milhões em indenização e pensão mínima de R$ 10 mil por mês para cada família, por cerca de 30 anos.
O incêndio, ocorrido em 8 de fevereiro de 2019, resultou na morte de 10 jovens das categorias de base do Flamengo, sendo considerado a maior tragédia da história do clube. Desde então, torcedores prestam homenagens durante as partidas, cantando no minuto 10 para lembrar os “Garotos do Ninho”. Em 2022, o clube inaugurou uma capela ecumênica no centro de treinamento como forma de homenagem às vítimas e suas famílias.
Os acordos com as demais famílias foram firmados entre 2019 e dezembro de 2021. O último, antes da família de Christian, foi com Rosana de Souza, mãe de Rykelmo. O pai do atleta fechou um acordo separado, sendo um dos primeiros a acertar com o clube. Os valores desses acordos variam de família para família e não foram divulgados oficialmente, mantendo-se sob sigilo por decisão conjunta entre o clube e os familiares.
Em nota oficial, o Flamengo afirmou que nenhum valor financeiro pode compensar a dor da perda de um filho ou irmão. O clube destacou que prolongar o processo judicial poderia gerar ainda mais sofrimento para a família de Christian, o que não era o objetivo da instituição.
Veja a nota do Flamengo:
“O Clube de Regatas do Flamengo informa que celebrou acordo com a família de Christian Esmério em relação ao processo nº 0305333-17.2021.8.19.0001, que tramita na Justiça do Estado do Rio de Janeiro, e trata do pleito da última família ainda não indenizada pelo acidente ocorrido no Ninho do Urubu em 2019.
O Flamengo entende que não há dinheiro no mundo que possa aplacar a dor pela perda de um filho ou de um irmão, mas continuar litigando, consideradas as circunstâncias do caso concreto, poderia impor ainda maior sofrimento à família, o que não é o desejo do Clube. Desta forma, terminar o processo e permitir à família a compensação financeira, mediante a celebração do acordo, era prioridade máxima da atual Administração do Flamengo”.