Campeão do Mundo assume cargo político na Turquia

Bandeira da Turquia (Foto: Reprodução)

O Partido da Justiça e Desenvolvimento da Turquia (AKP) nomeou Mesut Özil como membro de seu Comitê Executivo, liderado pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan. O anúncio ocorreu durante o VIII Congresso da AKP em Ancara, capital do país, na tarde do último domingo, 23. A informação é do ‘Daily Mail’.

Aposentado dos gramados há dois anos, o turco-alemão agora assume um cargo dentro do partido conservador-islamita que perdura no poder desde 2002. A união não é recente, tampouco surpreende, visto que o ex-jogador é dos dos principais apoiadores de longa data de Erdogan. Não à toa, o líder político foi padrinho de casamento do ex-jogador com Amine Gülşe, em 2019.

Recep Tayyip Erdogan se reelegeu como presidente do partido pela nona vez em Ancara, capital do país turco. Fundado em 2021 pelo próprio, o AKP tem adotado medidas autoritárias nos últimos anos e por isso o apoio de Mesut às ideias do partido manchou sua idolatria com parte do público alemão.

Com a vitória nesse domingo, 23, Erdogan assume poderes aprovados num plebiscito para transformar a Turquia numa república presidencial. Há anos que a oposição vinha acusando o partido de concentração de poderes, na tentativa de transformar o país numa autocracia por suas constantes repressões e limitações à liberdade de expressão.

Relação de Özil e Erdogan

Mesut Ozil renunciou ao passaporte turco assim que atingiu maioridade e, então, se tornou símbolo de uma Alemanha multicultural. Porém, o fim da passagem ficou marcada por uma relação manchada com a Associação de Futebol do país, em que chegou a acusá-la de racismo.

Os rumos polêmicos da carreira começaram a ganhar tom ainda em 2018, quando o meia posou para uma foto com seu companheiro de seleção Gundogan, também de raízes turcas, ao lado do presidente Erdogan. O registro ocorreu em meio à campanha de reeleição à época.

Dois anos antes, em 2016, Erdogan sofreu uma tentativa de golpe, ao qual reagiu com violência. Estima-se que cerca de 240 pessoas teriam morrido nos confrontos promovidos pelo líder, colocando a Turquia num estado de emergência. Ele é chamado de ‘Reis’, que significa ‘chefe’, por seus admiradores e ‘beyefendi’ (senhor, em turco) por aqueles o cercam.

A foto de Ozil com o líder ocasionou debates profundos oriundos de Berlim, que acusava Ancara de tendências cada vez mais repressivas. Mesut também passou a ser considerado uma figura ‘encoberta’ pela extrema-direita alemã e a reação negativa ao encontro levou, em última instância, à renúncia de Özil da seleção nacional.