Felipe Carregal Sztajnbok, vice-presidente jurídico do Vasco da Gama, afirmou que o clube vai processar a 777 Partners por entender que as ações da empresa estadunidense foram temerárias à instituição.
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Antes da liminar que mantém o clube associativo como administrador do futebol, o Vasco da Gama entrou com uma Questão de Ordem na Justiça para descobrir quem é o responsável pela 777 Partners no Brasil. Desde o ano passado, o clube trava uma batalha judicial com a empresa estadunidense por conta de todo o processo envolvendo a venda da SAF.
Com a insolvência do grupo de investimentos, vários compromissos não foram honrados e o Cruz-Maltino entrou com um pedido de liminar para recuperar o controle do clube. Neste ínterim, Steve Pasko e Josh Wander foram destituídos da chefia da 777 e a seguradora A-CAP assumiu como principal credora, para tentar não sair em prejuízo.
Porém, Felipe Carregal Sztajnbok afirmou que Steve Pasko assinou uma procuração, mesmo não tendo mais autorização para isso.
“Isso é interessante por duas razões. A primeira, o ponto de vista processual, a procuração é um documento obrigatório, mas não só a procuração. Você precisa apresentar a procuração e comprovar que, quem assina essa procuração, tem poderes para assinar esse documento. E o caso da 777 é curioso porque quem assina a primeira procuração é ainda o Steve Pasko, que era um dos administradores do grupo 777. E a gente descobriu posteriormente que, na data da assinatura dessa procuração, e ela está nos autos, o Pasko já havia renunciado há uns 15 dias do cargo que ele ocupava no grupo. Então, aquela procuração, obviamente, foi assinada por uma pessoa que não tinha mais poder para assinar. Isso não foi comunicado nos autos. É mais grave (do que não comunicar ao Vasco). A primeira procuração apresentada já não tinha validade”, revelou o VP Jurídico.
No imbróglio, o VP do Vasco revelou que outras duas procurações nesse processo foram assinadas com pessoas que não tinha competência para responder pela 777.
“E piora um pouquinho a situação. Posteriormente, mais duas procurações foram apresentadas por duas pessoas diferentes. Duas pessoas ligadas a empresas especializadas em crise de empresas e estados quase de insolvência. E essas duas pessoas assinam duas procurações diferentes sem apresentar nenhum documento capaz de comprovar por qual razão essas pessoas estariam assinando este documento. Por qual razão essas pessoas estariam falando perante o poder judiciário brasileiro em nome da 777? Então, não existem nos autos nenhuma comprovação disso”, explicou.
Felipe Carregal apontou que é necessário descobrir o responsável pela empresa estadunidense no Brasil, pois o Vasco irá processar a 777 em busca de uma compensação financeira, pelos prejuízos causados em todo esse processo. Ele ainda revelou que a A-CAP estava envolvida na SAF vascaína bem antes da liminar que fez o clube associativo tomar o controle das ações.
“Isso é muito relevante do ponto de vista de uma eventual indenização, que o Vasco é credor da 777. Por tudo o que a gente descobriu, está descobrindo. Vamos buscar uma indenização porque o que eles fizeram na Vasco SAF é temerário. Então, nós vamos atrás dessa indenização. E eu preciso saber, porque lá fora tem uma discussão: um dos credores está acusando a A-CAP de ser de fato a controladora do grupo”, disse.
As medidas tomadas contra a 777 Partners podem se estender à A-CAP, caso fique comprovado que a seguradora ditava as regras no futebol do clube, de acordo com Carregal.
“E, nessa ação, essa empresa apresenta um áudio do próprio Josh (Wander), que diz: ‘desde 2023, eu não assino um cheque sem a autorização da A-CAP’. Se isso for verdade, a consequência natural é que quem está tomando decisões e comandando a empresa, que essa pessoa responda pelos seus atos. E se esse terceiro for a A-CAP, em algum momento a A-CAP vai responder. Se for demonstrado que a A-CAP estava, desde 2023, à frente do grupo, mesmo que de forma obscura, sem aparecer, ela vai ser responsabilizada. Então é importantíssimo que, de uma vez por todas, se esclareça quem tem poderes hoje para falar em nome da 777. Quem toma decisão? Quem está com a caneta? Eu não sei. Hoje, não se tem prova concreta de quem tem a caneta da 777. Isso é uma situação bastante inusitada”, finalizou.