Presidente da Conmebol pode responder por crime no Brasil

Após fazer uma declaração racista direcionada aos times brasileiros, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, pode responder por crime de racismo no Brasil. A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) enviou uma representação à Justiça Federal e ao Ministério das Relações Exteriores contra o mandatário para que ele responda criminalmente.

A parlamentar se indignou após a fala racista de Alejandro Domínguez durante o sorteio dos grupos da Copa Libertadores da América e da Copa Sul-Americana, realizado na segunda-feira (17/3), em Luque, no Paraguai. Na ocasião, o presidente da Conmebol afirmou que a realização das competições sem times brasileiros seria como “Tarzan sem Chita”. 

Erika Hilton publicou uma nota de repúdio nas redes sociais e alertou que “racismo é crime, dentro e fora dos estádios”. A deputada também acionou o Itamaraty pedindo que Alejandro Domínguez se torne persona non grata no Brasil. Ela seguiu o texto expressando indignação com o ocorrido.

“Não podemos mais aceitar que jogadores e a população do nosso país sejam alvos de ofensas criminosas como essa no âmbito do futebol”, escreveu no Instagram.

A ironia da situação é que durante o evento de sorteio dos grupos das competições sul-americanas, Alejandro Domínguez havia discursado em português, se direcionando aos brasileiros em uma forma de reforçar o empenho da entidade na luta antirracista.

A tentativa de passar a impressão de que existe um compromisso da Conmebol na mitigação do racismo se dá em desdobramento das ofensas que Luighi sofreu. Em 6 de março, o jovem atacante do Palmeiras foi alvo de insultos racistas durante um confronto contra o Cerro Porteño, do Paraguai.

Em reprimenda, a Conmebol só multou o time paraguaio em 50 mil dólares, pouco mais de 280 mil reais. A atitude já havia revoltado a Confederação Brasileira de Futebol, que boicotou o evento em Luque, e também a presidente Leila Pereira, que sugeriu que os times brasileiros larguem a entidade e se filiem à Concacaf.

No Brasil, racismo é crime e a pena é de reclusão de dois a cinco anos, além de multa. O racismo é um crime inafiançável e imprescritível. Um dos agravantes que Alejandro Domínguez pode enfrentar é pela declaração ter sido proferida em um contexto de atividades esportivas.