O futebol brasileiro está em constante evolução, e uma das mudanças mais notáveis ocorre nos bastidores das partidas. No Paulistão 2025, um detalhe que chamou a atenção de todos foi o uso do “cara ou coroa” no início das partidas, com a presença de marcas no uniforme dos árbitros.
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“Sicredi débito ou crédito?”, perguntou o árbitro João Vitor Gobi aos capitães de Água Santa e Palmeiras, destacando a novidade que reflete uma tendência crescente: os patrocínios na arbitragem.
O crescimento dos patrocínios na arbitragem

A novidade é tão significativa que a receita gerada com os patrocínios nos jogos do Paulistão dobrou em relação ao ano anterior, atingindo cerca de R$ 1 milhão por espaço publicitário.
Além disso, o uniforme dos árbitros e as cabines do VAR tornaram-se áreas cobiçadas para os patrocinadores, com a Federação Paulista (FPF) comercializando pacotes que abrangem 23 competições.
Cabe ressaltar que, embora os árbitros não recebam diretamente esses valores, a receita gerada tem um destino específico: custear treinamentos, pré-temporadas e o Programa Jovens Árbitros.
A polêmica dos patrocínios e os reflexos no trabalho dos árbitros
Enquanto a Federação Paulista celebra os números crescentes, a questão dos patrocínios na arbitragem não é unânime. Os árbitros, em sua maioria, evitam falar sobre o assunto, com um dos profissionais procurados pela reportagem dizendo: “Minha geração não conversa, só sempre foi assim”.
Dessa maneira, a cobrança por parte dos patrocinadores e a ausência de benefícios diretos geram desconforto, especialmente entre os mais veteranos.
Vale destacar que alguns ex-árbitros, como Marcelo Marçal, lembram do início dos patrocínios na arbitragem, ainda na década de 2010, e criticam a falta de uma estrutura mais profissionalizada.
“O árbitro é muito amador, mas cobrado como profissional”, afirmou Marçal, um dos que mais se manifestaram sobre a situação da categoria.
O dilema da profissionalização e as mudanças necessárias
Com isso, surge um debate importante: a profissionalização dos árbitros no Brasil. Apesar de iniciativas como o Projeto de Lei nº 846, que busca garantir vínculo empregatício para os árbitros, a situação continua sendo um desafio.
Esse projeto, que já percorreu diversas etapas no Senado, busca garantir estabilidade e benefícios para os árbitros, algo comum em outras partes do mundo, como na Holanda e na Inglaterra.
Sendo assim, a principal mudança necessária é que os árbitros tenham um contrato mais formalizado, com garantias de treinamento contínuo e respaldo em casos de lesões ou falta de partidas.
Para Vicente Pithon, servidor do gabinete do Senador Romário, é necessário vencer a “última fronteira do amadorismo no futebol”, criando um modelo que permita aos árbitros condições mais dignas de trabalho, com remuneração condizente com a importância de seu papel.
Portanto, o impacto dos patrocínios na arbitragem do Paulistão 2025 é um reflexo de uma transformação mais ampla no esporte brasileiro. Se por um lado gera milhões para a FPF, por outro, deixa claro que os árbitros ainda enfrentam desafios significativos em sua profissionalização.