“Vê-lo voltar emociona”
No último domingo (6), o Fluminense bateu o Bragantino pelo placar de 2 a 1, com gols de Lima e Martinelli. Apesar do importante triunfo na reestreia do técnico Renato Gaúcho, outro momento foi especial. O retorno de Paulo Henrique Ganso aos gramados.
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No começo deste ano, Ganso levou um susto ao ser diagnosticado com miocardite, que é uma inflamação no músculo do coração. Essa situação acabou o deixando longe dos gramados por quase dois meses. Seu retorno aconteceu no Maracanã contra o Bragantino no domingo, entrando em campo aos 23 minutos do segundo tempo.
No meio dos amigos e familiares que acompanharam de perto a recuperação, uma presença em especial chamou atenção: o cardiologista Fabrício Braga, que cuidou do jogador desde o diagnóstico. Mesmo sem o hábito de ir a estádios, ele abriu uma exceção pra estar ali, passando confiança e apoio depois de tudo o que o atleta enfrentou no começo do ano. Em entrevista ao ge, Fabrício falou da emoção de ver seu paciente de volta em campo.
“Eu fiz questão de ir. Imagino que tenha ficado mais seguro. É muito bonito para quem é apaixonado pelo esporte, eu sou desde criança. Característica que herdei do meu pai. Vê-lo voltar é bonito, emociona”, afirmou o médico, com a voz embargada e os olhos marejados.
O caso de Ganso não é único. Nos últimos anos, outros jogadores do futebol mundial também foram diagnosticados com miocardite, desde situações mais leves, como a dele e a de Alphonso Davies, do Bayern de Munique e da seleção canadense, até casos mais sérios, como o de Kun Agüero, que precisou se aposentar, e o de Christian Eriksen, meia da Dinamarca e do Manchester United, que hoje atua com um desfibrilador portátil.
De acordo com o que disse Braga, o protocolo de tratamento da miocardite feito em 1980 estabelece um afastamento das atividade de três a seis meses. No entanto, com o avanço da medicina, os casos mais leves (como o de Ganso) podem ter os prazos encurtados.
O jogador ficou cinco semanas em repouso, tomando medicação, até repetir os exames e receber a liberação para retomar os treinos. No entanto, o retorno aos gramados foi adiado em mais uma semana devido a uma ablação, um procedimento no coração.
Fabrício Braga esclareceu que os dois problemas não estão diretamente ligados. A ablação foi feita para corrigir uma arritmia leve que, embora normalmente não impactasse o desempenho do atleta, poderia atrapalhar o tratamento da miocardite.
“Isso é uma coisa que já se tem. É uma taquicardia supraventricular (TSV), uma arritmia benigna. Mas, nesse contexto da miocardite, ia acabar nos atrapalhando e por isso resolvemos tratá-la. Muitos atletas já fizeram ablação de TSV. Tivemos até campeão olímpico de natação que fez pouco antes da Olimpíada. Mas, no contexto, poderia atrapalhar caso ele tivesse sintomas e não soubéssemos o porquê. Isso só foi diagnosticado por conta da vigilância eletrocardiográfica”, comentou o cardiologista.