A recente reportagem da revista Piauí apontou uma possível ampliação significativa nos salários dos presidentes das federações estaduais de futebol, supostamente autorizada por Ednaldo Rodrigues, atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Segundo a publicação, os dirigentes passaram a receber R$ 215 mil mensais, valor que contrasta com os antigos vencimentos, estimados em torno de R$ 50 mil. Além disso, os presidentes teriam direito não apenas ao 13º, mas também ao 14º, 15º e 16º salários por ano.
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A informação gerou repercussão principalmente entre os clubes de menor expressão econômica. Um levantamento do portal UmDois Esportes, feito com base nas súmulas do Campeonato Paranaense, evidenciou que o suposto novo salário do presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Hélio Cury Filho, ultrapassa a bilheteria registrada por nove dos doze clubes participantes do torneio.
Apenas Athletico, Operário e Londrina arrecadaram mais que os R$ 215 mil mensais atribuídos ao dirigente. Já clubes como o Andraus tiveram saldo positivo, mas com valores baixos, pouco acima de R$ 13 mil. Em contrapartida, o Azuriz acumulou um prejuízo superior a R$ 446 mil em bilheteria, montante que seria compensado com pouco mais de dois meses do referido salário.
Em nota oficial, a FPF rechaçou o conteúdo da reportagem, alegando que as informações “não condizem com a realidade”. A entidade também declarou estar aguardando um posicionamento formal da CBF sobre as alegações apresentadas.
O contraste entre o rendimento supostamente praticado nas federações e os salários de autoridades públicas brasileiras chamou a atenção. Conforme o portal esportivo, o montante mensal de R$ 215 mil supera em cerca de 4,6 vezes o salário de autoridades como o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin, além de deputados federais e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que recebem R$ 46.366,19 por mês.
Aliás, para ilustrar a dimensão do valor, o veículo apresentou comparações com bens e serviços que poderiam ser adquiridos mensalmente com esse salário. A lista inclui 15 iPhones 16 Pro Max de 1TB, 200 viagens para a Disney, três relógios Rolex Datejust 36, sete bolsas da grife Prada, além de ingressos VIP em jogos do Athletico e assentos em área nobre no Couto Pereira, estádio do Coritiba.
Em meio à polêmica, destaca-se que Ednaldo Rodrigues foi reeleito de forma unânime no fim de março para continuar no comando da CBF até março de 2030. “Ao longo dos últimos anos, enfrentamos muitos desafios. Sofremos todo tipo de preconceito e perseguições. Tentaram até um golpe. Resistimos e vencemos”, declarou Ednaldo após ser reconduzido ao cargo com apoio dos 27 presidentes de federações estaduais e dos 40 clubes das Séries A e B.
Embora as alegações ainda não tenham sido oficialmente confirmadas ou desmentidas pela CBF, o caso evidencia um descompasso entre os recursos financeiros disponíveis nos clubes e o suposto padrão de remuneração adotado por seus dirigentes estaduais, o que reaquece debates sobre transparência e gestão no futebol brasileiro.