Rogério Ceni, atualmente no comando do Bahia, abordou de forma direta e sem rodeios o atual cenário do futebol mundial ao refletir sobre o papel do tradicional camisa 10. Em recente entrevista concedida ao canal da Libertadores, no YouTube, o ex-goleiro deixou de fora Neymar e apontou Lionel Messi como principal representante moderno da posição que historicamente encantou torcedores ao redor do mundo.
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“Eu já ouvia isso antigamente (ausência de camisas 10). Se faz camisas 10… se você comparar com Pelé, Zico e Maradona, aí você não vai (conseguir)”, afirmou o treinador, reforçando a ideia de que ainda é possível identificar jogadores com esse perfil. Conforme sua avaliação, Messi simboliza a continuidade dessa tradição, mesmo com a evolução das exigências táticas no futebol atual.

Ceni também rejeitou a tese de que os conceitos modernos têm afastado os jogadores talentosos do protagonismo. Ao contrário, acredita que um sistema de jogo bem estruturado serve como um facilitador para atletas acima da média. “Quanto mais você tem um padrão de jogo, vai facilitar mais o jogo. Quanto mais talento você tem, inserido ao padrão, melhor posicionado você vai estar para executar”, explicou.
Ao tratar das dificuldades no cenário brasileiro, o treinador fez uma crítica direta às condições dos gramados. Para ele, o estado dos campos impacta diretamente no desempenho técnico e no ritmo dos jogos. “A bola deveria correr mais que os atletas. Mas, com campos ruins, às vezes ela não corre, é espancada dentro do campo”, comentou.
Essa avaliação traz à tona uma discussão recorrente: a dificuldade de oferecer jogos de alto nível em ambientes que não favorecem o espetáculo. Ainda assim, Rogério mantém a crença de que os talentos conseguem se destacar, mesmo em contextos adversos. Salvo raras exceções, acredita que o esforço e o comprometimento podem superar as limitações do ambiente.
Portanto, embora a comparação com ídolos do passado seja inevitável, o treinador vê o futebol atual como um ambiente ainda fértil para o surgimento de grandes jogadores. Assim sendo, sua análise oferece uma perspectiva equilibrada entre a nostalgia dos craques históricos e a valorização dos nomes contemporâneos que continuam a vestir com brilho a camisa 10.