Fluminense faz exigências para vender SAF

Mário Bittencourt durante coletiva de imprensa no CT Carlos Castilho (Foto: Reprodução/Fluminense)

O Fluminense deu um passo importante em seu planejamento estratégico ao discutir, em reunião do Conselho Deliberativo, a criação e possível venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O encontro aconteceu na noite de segunda-feira (14 de abril), nas Laranjeiras, e contou com a apresentação de pontos considerados essenciais pela diretoria para eventual negociação com investidores.

Embora ainda não exista uma proposta oficial em curso, a diretoria tricolor, representada pelo vice-presidente geral Mattheus Montenegro, fez questão de deixar claro quais são os critérios mínimos exigidos para qualquer tratativa envolvendo a SAF. “Prefiro um modelo que seja de tricolor, porque é justamente dali que vamos poder tentar fazer um balanceamento dessas necessidades”, afirmou o dirigente, em resposta à preocupação sobre a compatibilização entre lucros e conquistas esportivas.

Bandeira do Fluminense (Foto: Reprodução/Fluminense)

Entre as principais exigências listadas, está o compromisso com investimentos em infraestrutura nos centros de treinamento da Barra da Tijuca e de Xerém, responsáveis por abrigar, respectivamente, o futebol profissional e as categorias de base do clube. Além disso, o eventual investidor deverá assumir integralmente as dívidas da instituição, atualmente avaliadas em R$ 822 milhões.

A manutenção da identidade do clube também é uma prioridade. A diretoria pretende garantir que os royalties pelo uso da marca e a remuneração referente à utilização das instalações das Laranjeiras cubram os custos do Clube Social e das modalidades olímpicas. Dessa forma, busca-se preservar as raízes do Fluminense e assegurar a continuidade de seus projetos esportivos fora do futebol.

Outro ponto crucial envolve o futebol profissional. A diretoria exige que haja investimento contínuo na aquisição de jogadores, bem como uma folha salarial que permita à equipe manter um nível competitivo nas competições. Similarmente, o investidor deverá arcar com os riscos de mercado associados à venda de atletas, garantindo capital de giro suficiente para a operação da SAF.

No que se refere ao valor de mercado, o clube comentou uma reportagem publicada por O Globo, que apontou uma avaliação da SAF tricolor em R$ 850 milhões. Montenegro confirmou que o número não está distante da realidade, mas observou falhas na metodologia. De acordo com ele, o investimento esperado gira em torno de R$ 500 milhões por 60% das ações do futebol do clube. Somando-se o valor à dívida, chega-se a um valuation total de R$ 1,672 bilhão.

Aliás, recentemente, o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, esteve no Maracanã acompanhado de André Esteves, um dos sócios do BTG Pactual, durante a final do Campeonato Carioca. O encontro alimentou especulações sobre o interesse do executivo na estruturação do negócio, embora nenhum posicionamento oficial tenha sido divulgado até o momento.