Concacaf se posiciona de forma oficial sobre mudança na Copa do Mundo

Taça da Copa do Mundo da FIFA (Foto: Reprodução/Instagram)

O presidente da Concacaf, Victor Montagliani, posicionou-se de forma firme contra a proposta de aumentar o número de seleções participantes da Copa do Mundo de 2030 para 64. A ideia, sugerida pelo presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, vem gerando controvérsia no cenário internacional do futebol.

Atualmente, a FIFA já trabalha na organização da edição de 2026, que contará com 48 seleções — um acréscimo significativo em relação às 32 que participaram do torneio no Catar, em 2022. Ainda assim, uma nova expansão, antes mesmo da realização do modelo com 48 equipes, tem sido vista com cautela por diversas entidades continentais.

Conforme Montagliani afirmou em entrevista à ESPN, “não acho que expandir a Copa do Mundo masculina para 64 seleções seja a decisão certa para o torneio em si, ou para o ecossistema do futebol em geral, desde seleções nacionais até competições de clubes, ligas e jogadores”.

A proposta sul-americana prevê partidas inaugurais em países como Uruguai, Argentina e Paraguai, com o restante da competição sendo sediado por Espanha, Portugal e Marrocos. Entretanto, para o dirigente da Concacaf, esse plano carrega um risco elevado de comprometer o equilíbrio do calendário e o desenvolvimento do futebol em outras regiões.

“Ainda nem inauguramos a nova Copa do Mundo de 48 seleções, então, pessoalmente, não acho que expandi-la para 64 seleções deva ser considerada”, completou Montagliani.

Assim também se manifestaram outras confederações importantes. Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, e Sheikh Salman bin Ibrahim Al Khalifa, chefe da Confederação Asiática de Futebol, já haviam expressado preocupações semelhantes. Ambos temem que a ampliação possa causar uma sobrecarga no futebol global, prejudicando clubes, jogadores e o planejamento das seleções nacionais.

Montagliani, aliás, destacou que a Concacaf já demonstrou abertura para mudanças no esporte ao apoiar a ampliação da Copa do Mundo Feminina e iniciativas para o fortalecimento das competições da própria confederação.

Por outro lado, a Conmebol enxerga a proposta como uma forma de garantir espaço para todas as dez seleções sul-americanas no torneio. Afinal, com Uruguai, Argentina e Paraguai já garantidos como anfitriões de partidas inaugurais, a expansão poderia facilitar o acesso dos demais países da região. Apesar disso, conforme os atuais acordos da FIFA, a Concacaf conta com seis vagas diretas e uma adicional nos playoffs para 2026, número que já representa um aumento em relação a edições anteriores.

Montagliani, contudo, argumenta que as mudanças devem ser avaliadas de forma gradual e com responsabilidade. Para ele, as prioridades devem ser sustentadas em critérios técnicos e estruturais, não apenas políticos. “Na Concacaf, demonstramos nossa abertura à mudança apoiando a evolução contínua das seleções nacionais masculina e feminina e dos eventos de clubes da nossa confederação”, disse.

Portanto, ainda que o debate sobre a quantidade ideal de seleções continue em pauta, a oposição da Concacaf se soma a outras forças importantes no cenário do futebol mundial. Assim sendo, a decisão final caberá à FIFA, que precisará ponderar interesses geográficos, esportivos e comerciais antes de validar qualquer nova ampliação do maior torneio de seleções do planeta.