CEO do Santos manda recado para Pedro Caixinha

Pedro Caixinha no Santos (Foto: Divulgação/Santos)

O CEO do Santos, Pedro Martins, fez duras críticas ao ambiente interno do clube e à cultura institucional que, segundo ele, impede avanços estruturais. O dirigente foi incisivo ao abordar o momento atual da equipe após a demissão do técnico Pedro Caixinha, classificando a saída como um “fracasso para todos nós”.

Ao iniciar sua fala, Martins descartou qualquer anúncio imediato sobre um novo treinador. Conforme explicou, a urgência do momento não está na escolha do substituto, mas sim na necessidade de enfrentar questões estruturais profundas que afetam o clube há anos.

“O Santos é um clube que precisa ter muito orgulho do seu passado (…), mas precisa saber diferenciar orgulho do passado de saudosismo. O saudosismo vai matar o Santos”, afirmou o CEO.

Martins defendeu uma transformação ampla, que vai além do campo. Entre os pontos mencionados estão a necessidade de um novo estádio, reestruturação da infraestrutura e protagonismo das categorias de base. Além disso, ele destacou a importância de reerguer o futebol feminino do clube. “O orgulho do passado precisa pavimentar o caminho para o futuro desta instituição”, declarou.

Críticas à cultura interna

Um dos principais entraves destacados pelo executivo foram as chamadas “travas institucionais”, termo que ele associou a hábitos enraizados que impedem mudanças. “É o famoso ‘aqui sempre foi feito assim’. Esse é o grande embate com a mudança de cultura. Mudar cultura de uma organização não é simples”, explicou.

Martins pontuou que há clubes mais organizados e que fazem melhor. Assim, sustentou que o Santos precisa de humildade para reconhecer os próprios erros e se adaptar. “Somente assim a gente vai conseguir ser grande”, afirmou.

Situação financeira e gestão

O dirigente não poupou críticas à estrutura de receita do clube, revelando que a arrecadação em dias de jogos está muito abaixo da média dos principais times do país. “Dentro da tabela de classificação, com o que o Santos fatura, o Santos não está entre as principais equipes do futebol brasileiro. Muito pelo contrário. Está longe disso”, analisou.

Para ele, seguir ignorando problemas crônicos compromete o futuro da equipe. “Caso contrário, a gente vai continuar em um ciclo vicioso de vender o futuro para tentar conquistar alguma coisa no presente”, disse, reforçando a necessidade de decisões duras, mas fundamentais.

Demissão de Caixinha

A saída de Pedro Caixinha do comando técnico do Santos foi tema central na coletiva. O português havia sido contratado com o aval de Pedro Martins, o que intensificou o tom de frustração do dirigente. “A saída do Caixinha é uma derrota para todos nós (…). Uma demissão de treinador no Santos é uma derrota para a instituição”, lamentou.

Martins também criticou o padrão recorrente no futebol brasileiro de demitir técnicos após uma sequência de maus resultados. “Se a gente achar que é normal toda hora que tiver três insucessos, tiver que trocar treinador, tem algo muito errado no clube”, afirmou.

Além disso, ele destacou que a responsabilidade pela queda de rendimento da equipe não deve ser atribuída exclusivamente ao treinador. “Essa demissão tem a participação de muita gente que está dentro do clube e não foi demitida”, disparou, sem citar nomes.

Expectativas e futuro do comando técnico

Sobre o novo treinador, Pedro Martins foi enfático ao dizer que não existe negociação avançada com nenhum nome, inclusive com Jorge Sampaoli, ventilado nos bastidores. “Nenhum treinador tem que ter a chave do clube (…). O treinador vem para participar de um processo coletivo de reestruturação”, argumentou.

Segundo o CEO, o foco será encontrar um profissional alinhado com o estágio atual do clube e disposto a explorar ao máximo o potencial do elenco. “Esse elenco do Santos, apesar de todo o processo, é competitivo. Tem toda a competência de fazer uma grande temporada”, afirmou. Entretanto, cobrou os atletas: “Eles precisam também assumir a responsabilidade deles”.

Comprometimento com o projeto

Mesmo diante das dificuldades, Pedro Martins garantiu que não cogitou deixar o clube após a demissão do treinador. “Não pensei em sair do clube”, afirmou. Reforçando seu compromisso com o projeto de reestruturação, o dirigente reafirmou que o planejamento não se limita à temporada atual. “Estamos querendo montar equipes competidoras para os próximos anos, não apenas para este ano”, concluiu.