O Campeonato Brasileiro de 2025 começou com um ritmo intenso de trocas no comando técnico das equipes da Série A. Em apenas quatro rodadas, o torneio já registrou quatro demissões de treinadores, estabelecendo uma média de uma substituição por rodada. O cenário evidencia um padrão recorrente no futebol nacional, marcado pela conhecida “dança das cadeiras” — que, desta vez, tem afetado com mais intensidade os técnicos estrangeiros.
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Ramón Díaz é desligado mesmo após título estadual
A mais recente demissão foi a do argentino Ramón Díaz, que deixou o comando do Corinthians após a derrota por 2 a 0 para o Fluminense, na quarta-feira (16). Embora tenha conquistado o Campeonato Paulista, as atuações abaixo do esperado na Copa Libertadores, na Copa Sul-Americana e nas primeiras rodadas do Brasileirão pesaram decisivamente contra a permanência do treinador.
Ramón havia sido contratado em julho de 2024 e acumulava 60 partidas à frente do clube paulista. Com um aproveitamento de 60,5%, obteve 31 vitórias, 16 empates e 13 derrotas. Apesar do rendimento estatístico, a insatisfação interna se agravou após críticas públicas do atacante holandês Memphis Depay.
“Temos alguns jogadores incríveis e outros que trabalham duro. Mas, neste momento, perdemos muitos jogos por falta de detalhes táticos”, declarou o camisa 10 após o revés para o Fluminense.
Estrangeiros dominam estatísticas
Além de Díaz, outros dois treinadores estrangeiros perderam seus cargos neste início de competição. O boliviano Gustavo Quinteros foi demitido pelo Grêmio após a derrota por 4 a 1 diante do Mirassol. Apesar de ter chegado ao clube gaúcho com prestígio — tendo sido campeão argentino com o Vélez Sarsfield —, Quinteros não resistiu a uma sequência de três derrotas no Brasileirão. Sua passagem teve um aproveitamento de 53,7%, com 8 vitórias, 5 empates e 5 derrotas em 18 jogos.
Outro nome estrangeiro a deixar o cargo foi o português Pedro Caixinha, desligado pelo Santos após a terceira rodada, quando o time perdeu para o Fluminense no Maracanã, em partida marcada pela estreia de Neymar no campeonato. Caixinha acumulava oito vitórias, três empates e sete derrotas, somando um aproveitamento de pouco mais de 43%. O Peixe chegou a sondar Jorge Sampaoli, mas o argentino recusou a proposta.
Brasileiros também enfrentam instabilidade
Apesar do foco sobre os estrangeiros, o primeiro a cair foi Mano Menezes, que comandava o Fluminense. Após a derrota para o Fortaleza por 2 a 0 na estreia, o clube optou por promover o retorno de Renato Gaúcho. A mudança surtiu efeito imediato: o time carioca venceu os quatro jogos seguintes — sendo três no Brasileirão —, incluindo vitórias sobre Corinthians e Santos, que, ironicamente, motivaram duas outras demissões.
Dorival Júnior é o favorito
Com a saída de Díaz, o Corinthians rapidamente iniciou sua busca por um novo treinador. Segundo informações da ESPN, o nome mais cotado internamente é o de Dorival Júnior, que deixou recentemente a Seleção Brasileira. A diretoria alvinegra entende que sua familiaridade com o elenco, aliada ao fato de já ter trabalhado com o diretor de futebol Fabinho Soldado no Flamengo, pode facilitar a adaptação imediata ao clube.
Dorival, aliás, só teria aceitado abrir negociações após a confirmação oficial da demissão do argentino. Embora o nome de Tite também seja bem visto nos bastidores, existe incerteza quanto ao desejo do ex-treinador alvinegro de retornar ao Brasil neste momento. Com uma agenda apertada que inclui confrontos contra o Sport, Racing-URU e Flamengo, a escolha do novo técnico precisa ser ágil.
Pressão e resultados imediatos
O alto número de demissões nas primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro expõe, mais uma vez, a pressão intensa por resultados imediatos. O recorte inicial da competição evidencia não apenas a fragilidade do planejamento de longo prazo, mas também um padrão de impaciência por parte das diretorias dos clubes, sobretudo diante de campanhas irregulares ou instabilidade nos bastidores.
Aliás, o fato de três dos quatro técnicos demitidos serem estrangeiros pode refletir uma dificuldade adicional de adaptação ao futebol local ou de gestão de elenco sob intensa pressão. Contudo, essa tendência não é exclusiva a treinadores de fora. A rápida substituição de Mano Menezes também revela que o fator nacionalidade, embora influente, não é determinante por si só.