A declaração de Kfouri sobre expectativas com Neymar no Santos

Neymar em ação com a camisa do Santos em 2025 (Foto: Raul Baretta/ Santos FC)

O jornalista Juca Kfouri abordou — em sua coluna no UOL — de forma direta e crítica o que classificou como uma “expectativa surreal” em torno do futuro de Neymar no Santos. Conforme pontuou, a recente lesão sofrida pelo camisa 10 acabou, curiosamente, beneficiando o clube em certo aspecto: “evitará que alguém queira contratá-lo ao fim de seu contrato com o Peixe, em 30 de junho”.

Para Kfouri, a simples ideia de uma renovação contratual, cogitada pela diretoria do Santos, beira o absurdo, sobretudo diante da condição física do jogador. O jornalista ironiza o cenário com veemência: “Não é uma boa? Renovar o contrato para ele não jogar por mais um ano e meio!”.

A coluna coloca em dúvida o planejamento da diretoria santista e questiona a racionalidade de manter um atleta em recuperação prolongada, sem perspectiva clara de retorno em alto nível. A avaliação, embora incisiva, não desconsidera o histórico do jogador, mas reforça o quanto o presente contrasta com as expectativas depositadas em seu retorno ao clube.

Ainda que as declarações não representem a opinião institucional do UOL, a abordagem de Kfouri ecoou entre torcedores, sobretudo nas redes sociais. Muitos comentários expressam frustração com a atual situação, apontando que Neymar, além de não corresponder em campo, tem representado um alto custo sem contrapartida esportiva.

Perspectiva institucional: o que pensa o Santos

Diretoria segue otimista e vislumbra renovação até a Copa do Mundo de 2026

Em contrapartida ao tom adotado por Juca Kfouri, a reportagem publicada pela CNN Brasil revela um cenário internamente mais esperançoso no Santos. O clube, mesmo diante das recorrentes lesões de Neymar, estuda a renovação contratual do jogador até a Copa do Mundo de 2026.

Pedro Martins, CEO do clube, afirmou que essa é a intenção da diretoria: “Nosso objetivo é estender esse vínculo para que ele permaneça no Santos. […] A parte mais difícil já foi feita, que é trazê-lo de volta ao Brasil”. O executivo destacou ainda que a decisão de Neymar de retornar ao futebol nacional não teve motivação financeira: “Ele perde dinheiro estando aqui. Neymar vem porque quer fazer parte da reconstrução”.

O presidente Marcelo Teixeira, por sua vez, reafirmou a mesma intenção, ressaltando que “a tendência natural é de que, no momento certo, haja a possibilidade da extensão do contrato”. Apesar disso, é evidente que a efetivação dessa renovação está condicionada ao andamento do projeto esportivo do clube e, acima de tudo, à recuperação física do jogador.

Além disso, a presença de Neymar tem extrapolado o campo. Segundo a CNN, há planos vinculados ao jogador dentro do clube, bem como a atuação de seu pai em reformas estruturais tanto no centro de treinamento quanto no estádio da Vila Belmiro. Esses movimentos indicam uma tentativa da diretoria em consolidar a imagem de Neymar como um símbolo da reestruturação santista.

Entretanto, conforme exposto na mesma reportagem, a realidade em campo segue distante do ideal: o atacante atuou em apenas 50% dos minutos possíveis desde que retornou ao Brasil. Lesões crônicas e novos contratempos físicos alimentam o debate entre o sonho de uma nova era vitoriosa com Neymar e o receio de um ciclo marcado pela ausência.

Contraponto entre crítica e estratégia

Enquanto imprensa aponta exagero, Santos mantém confiança em ídolo lesionado

A análise de Juca Kfouri, ainda que incisiva, representa uma crítica legítima à forma como a expectativa em torno de Neymar foi construída e vem sendo sustentada. Ao mesmo tempo, a posição da diretoria, como apresentada pela CNN Brasil, reflete uma estratégia de branding e reconstrução institucional, na qual Neymar é figura central.

Esse contraste evidencia não apenas a complexidade do retorno do camisa 10, mas também o abismo entre o campo simbólico e o rendimento prático. O Santos, portanto, se encontra em uma encruzilhada: prolongar a permanência de um ídolo com impacto fora das quatro linhas ou priorizar uma reformulação técnica sem margem para sentimentalismo.