Como funcionará a operação do Vasco no Maracanã após acordo com o Flamengo

O clássico entre Vasco e Flamengo, válido pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro, marca não apenas mais um confronto histórico entre os rivais cariocas, mas também o início de uma nova fase para o clube cruz-maltino em sua relação com o Maracanã. A partida deste sábado (19) será a primeira em que o Vasco atuará como mandante no estádio após firmar acordo com o consórcio que administra a arena, atualmente liderado pela dupla Fla-Flu.

Proibição do Bepe

Inicialmente, o desejo do presidente vascaíno Pedrinho era realizar o duelo em São Januário, com torcida única, se necessário. Entretanto, o Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios (Bepe) vetou a realização do clássico no estádio do Vasco, citando riscos à segurança no entorno e no interior da arena. A justificativa causou insatisfação no clube de São Januário, que buscou respaldo jurídico para reverter a decisão.

A Justiça chegou a autorizar o mando de campo no estádio vascaíno, inclusive permitindo a presença de torcedores dos dois clubes, dependendo de avaliações técnicas. Em sua decisão, a magistrada destacou que o Bepe teria adotado uma postura de omissão ao não se empenhar em encontrar uma solução viável para garantir a segurança da partida. Apesar da vitória judicial, o Vasco optou por um acordo com o consórcio para evitar embates prolongados.

Acordo e igualdade contratual no Maracanã

Como alternativa, o Vasco fechou com Flamengo e Fluminense um entendimento que prevê a realização de oito partidas com mando cruz-maltino no Maracanã durante as temporadas de 2025 e 2026. O contrato assegura condições iguais às dos outros clubes permissionários no que diz respeito à locação do estádio, uso de camarotes, exploração do estacionamento e organização das áreas internas, como vestiários, zona mista e iluminação.

Entretanto, alguns aspectos logísticos permanecem restritivos. Mesmo como mandante, o Vasco não pode contratar fornecedores próprios para serviços como segurança, catracas e limpeza, sendo obrigado a utilizar empresas previamente cadastradas pelo consórcio. “Não é que a conta ficou cara, é que o torcedor não veio”, comentou uma fonte da operação sobre a baixa procura por ingressos.

Custos elevados e estratégia de público

Apesar de ter direito ao mesmo valor de aluguel que Flamengo e Fluminense — R$ 250 mil por partida —, o Vasco precisa lidar com os custos variáveis atrelados à operação, que mudam conforme a demanda e o tamanho da estrutura ativada. Inicialmente, o clube liberou 68 mil ingressos para o clássico, mas precisou recuar. O setor leste superior foi fechado e a nova carga ficou abaixo de 60 mil ingressos.

Até a sexta-feira (18), véspera da partida, apenas 30 mil entradas haviam sido vendidas, o que acendeu um alerta no departamento financeiro.

Impasses históricos e concessões simbólicas

O acordo também estabelece que, em clássicos contra o Fluminense, a torcida do Vasco deverá ficar no lado esquerdo do estádio. A decisão mantém um ponto de discórdia entre os dois clubes, já que os vascaínos reivindicam o setor direito por razões históricas, enquanto os tricolores alegam o direito de permanência por serem permissionários do estádio.

Além disso, o Nilton Santos, opção considerada pelo Vasco para a realização do clássico, estava indisponível devido a um show musical no mesmo dia, o que inviabilizou a mudança de local por falta de tempo hábil para adaptações exigidas pelo regulamento da CBF.