A declaração do presidente do Cuiabá envolvendo o Corinthians

Escudo do Corinthians na Néo Química Arena (Foto Reprodução/Instagram)

O presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, teceu duras críticas à decisão da Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), que recentemente aprovou o plano do Corinthians para quitar dívidas com diversos credores, entre eles o próprio clube mato-grossense. A medida foi classificada pelo dirigente como um “convite ao calote”, uma vez que, segundo ele, favorece inadimplentes em detrimento de clubes menores.

A CNRD é um órgão vinculado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com o objetivo de intermediar conflitos e garantir o cumprimento das obrigações entre instituições do futebol nacional. Conforme deliberado na última quinta-feira (17), o Corinthians obteve autorização para parcelar cerca de R$ 76 milhões em dívidas junto a clubes e jogadores. O pagamento será feito em tranches trimestrais, com correção apenas pela inflação, ao longo de seis anos.

Cuiabá é o maior credor da lista

O Cuiabá é o principal afetado pela decisão, uma vez que tem a receber R$ 18 milhões — valor que, segundo Dresch, será quitado em 24 parcelas trimestrais. A primeira delas gira em torno de R$ 780 mil. “Um jogador que o Corinthians comprou em 2024, ele vai terminar de pagar em 2031 sem juros”, apontou o dirigente.

Ainda segundo o presidente do Cuiabá, a negociação do atleta previa um parcelamento inicial que não foi respeitado pelo Corinthians. Após a ausência de pagamentos, o clube recorreu à CNRD para garantir o cumprimento do contrato. “O valor total dessa dívida é pequeno perto do que o Corinthians fatura”, completou Dresch, criticando a falta de rigor com que a Câmara conduziu o processo.

Críticas ao funcionamento da CNRD

Dresch não poupou críticas ao funcionamento da própria CNRD, classificando o órgão como político e sujeito a pressões externas. “A CNRD é um órgão político, ele não é independente, sofre pressões políticas”, afirmou, deixando claro seu descontentamento com a forma como a decisão foi tomada. Para ele, a postura da entidade abre precedentes perigosos. “A decisão que a CNRD tomou nesse caso é um convite para quem não paga, é um convite ao calote, a você utilizar de vantagens contra clubes menores”, declarou.

Apelo público e histórico recente

O presidente do Dourado aproveitou para fazer um apelo direto aos demais clubes e agentes do futebol nacional: “Faço um apelo: não negociem com o Corinthians”. A frase reflete o clima de insatisfação e desconfiança instaurado após o aval da CNRD.

Anteriormente, Corinthians e Cuiabá já haviam se relacionado em outras negociações, como a contratação do técnico português António Oliveira. Na ocasião, o clube paulista pagou uma multa de R$ 1,04 milhão pela rescisão do contrato com o Cuiabá.

Impacto e repercussões

Embora o plano de pagamento tenha sido aprovado de forma legal, o episódio levanta questionamentos sobre os critérios adotados pela CNRD, especialmente no que diz respeito ao equilíbrio financeiro entre clubes de diferentes portes. O caso também expõe a vulnerabilidade de instituições menores frente a decisões que, conforme apontado por Dresch, podem representar “vantagens” para os grandes clubes mesmo em contextos de inadimplência.