O Fluminense venceu o Flamengo, pela quarta rodada da Taça Guanabara, e manteve os 100% de aproveitamento no Campeonato Carioca.
Nenê foi quem garantiu os três pontos ao time de Odair Hellmann, em lance que mostrou oportunismo e classe. Após cruzamento, ele finalizou de calcanhar e balançou a rede.
Com o resultado, o Tricolor chega a 12 pontos e ocupa a liderança do Grupo B, enquanto o Rubro-Negro, que estava invicto no Estadual e tem sete pontos, está na segunda colocação do Grupo A. Na próxima rodada, o Flamengo encara o Resende, na segunda-feira, no Maracanã. Já o Fluminense vai a campo no sábado, contra o Boavista, também no Maraca.
Quem foi bem – Bill e Nenê
Apesar de ter sido o primeiro a ser substituído no Fla, o ponta Bill foi o melhor da equipe rubro-negra no Fla-Flu. Insinuante e veloz, o jovem fez um salseiro pela ponta direita e deu muito trabalho para Egídio e Digão, que precisaram da cobertura de Henrique em diversos momentos. No mano a mano, o camisa 23 levou a melhor na maioria dos duelos e saiu apenas por sentir a alta intensidade da partida em uma noite quente no Maracanã.
Se alguém está aproveitando o Carioca para ganhar moral no Fluminense é Nenê. O jogador de 38 anos marcou um golaço de calcanhar no Fla-Flu no Maracanã. O lance de craque coroou o que já era uma boa atuação do meia. Antes, ele já ditava o ritmo da armação, seja cadenciando ou acelerando as jogadas, e já tinha carimbado o travessão em bela cobrança de falta. Em 2020, o camisa 77 já tem três gols em três jogos, e lidera a desfalcada equipe tricolor na competição.
Quem foi mal – João Lucas e Matheus Alessandro
O lateral João Lucas não teve boa atuação no Maracanã. Com o Flu forçando as jogadas pelo seu setor, o jovem teve dificuldades na marcação, principalmente com Miguel e Nenê. Foi pelo seu lado, inclusive, que saiu o gol tricolor, em virada de jogo que o camisa 2 não acompanhou a movimentação dos atacantes do Flu.
Matheus Alessandro estava esquecido após empréstimo e voltou a ter chances com Odair Hellmann por conta dos desfalques no setor. No Fla-Flu, o atacante recebeu mais uma chance, mas não soube aproveitar. Atuando na ponta esquerda, o camisa 28 foi bastante acionado, mas não conseguiu dar sequência à maioria delas.
Flamengo – aposta na velocidade dos pontas
O time de Maurício Souza foi a campo com uma espécie de 4-3-3, com Hugo Moura improvisado na zaga (na vaga de Matheus Dantas), Vinicius à frente da defesa e uma linha com Richard e Pepê. No setor mais à frente, que teve Rodrigo Muniz como referência, Yuri e Bill, atuaram nas costas dos volantes do Tricolor e buscaram “acelerar” o time. A dupla deixou o campo pouco antes dos 20 minutos do segundo tempo.
As mudanças realizadas por Maurício Souza não surtiram o efeito desejado, fazendo o time perder um pouco do poder ofensivo que vinha mostrando, além de deixar alguns espaços no meio. Em uma das chances criadas pelo Fluminense, em um contra-ataque, o time das Laranjeiras conseguiu garantir o triunfo.
Fluminense – início ruim, melhora com mudanças
O técnico Odair Hellmann mandou a campo uma formação um pouco diferente para o Fla-Flu. Sem bola, a equipe se postava com duas linhas de quatro (por vezes num 4132), e com ela, tentava abrir dois dos meias, com Nenê e Miguel livres para flutuar por dentro. A ideia era ter mais mobilidade, mas sem poder de criação e com transições muito lentas, o Tricolor criava pouco e não aproveitava os espaços dados pelas linhas altas do rival.
No segundo tempo, Odair tentou corrigir o problema trocando Matheus Alessandro, que foi peça nula, pelo centroavante Lucas Barcellos, em busca de reter mais a bola no campo de ataque. Em pouco tempo, o Flu ganhou mais poder de fogo. Em jogada de transição com Yago pela direita, o volante cruzou bem e contou com furada de Richard para achar Nenê livre, com tempo de tentar duas vezes para marcar o gol tricolor.
Cronologia do jogo
O clássico começou equilibrado e meio truncado, com os dois times presos à intermediária e abusando das faltas. Não à toa foram cinco cartões amarelos. O Flamengo apostava na dupla Bill e Yuri atuando nas costas dos volantes, com velocidade. Enquanto isso, o Fluminense, em um esquema sem centroavante, buscava a movimentação de Miguel e Nenê. E foi justamente dos pés do experiente meia do Flu que saiu a melhor chance da etapa inicial, quando carimbou o travessão em cobrança de falta.
Próximo do fim do primeiro tempo, o duelo ficou mais movimentado, mas sem alteração no placar.
Logo depois do intervalo, duas chances para o Flamengo e uma para o Fluminense. Pelo lado rubro-negro, a primeira foi com Bill, que dominou na intermediária, avançou e finalizou de fora da área. Depois, foi a vez de Pepê, que chutou de dentro da área, após cruzamento de João Lucas. A resposta tricolor veio em cobrança de escanteio, que Gilberto cabeceou e a bola passou rente à trave.
Após mexidas de ambos os lados, o jogo voltou a ficar meio “travado”, mas Nenê achou uma solução. Após cruzamento de Yago Felipe, Richard furou e o meia, com uma finalização de calcanhar, balançou a rede e abriu o placar.
Nos minutos finais, o confronto ficou para lá de animado. O Flamengo tentou implementar velocidade em busca do empate e quase igualou com Guilherme Bala, mas Muriel fez uma defesa à queima-roupa. Pouco depois, foi a vez de Gabriel salvar a equipe da Gávea.
Jogo de “despedida”
Contra o Fluminense, foi a última partida em que o Flamengo utilizou o time “alternativo”, com jogadores que não tiveram muita oportunidade em 2019 e integrantes do elenco profissional. O Rubro-Negro começou o Estadual desta forma porque o grupo principal esteve de férias até a reta final de janeiro devido à disputa do Mundial de Clubes, que teve a final disputada em 21 de dezembro.
Alterações nos respectivos times titulares
Tanto Flamengo quanto Fluminense tiveram mudanças no time titular em relação à última rodada. No time rubro-negro, Hugo Moura atuou na vaga de Matheus Dantas, poupado, e Bill ganhou chance no espaço de Lucas Silva. Já pela equipe tricolor, Hudson ocupou vaga de Dodi e o ataque teve Nenê e Miguel.
Tricolores provocam rival lembrando incêndio no Ninho
Durante a partida, parte da torcida tricolor cantou “time assassino”, em alusão ao incêndio no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, que aconteceu em fevereiro do ano passado e deixou 10 jovens mortos. Provocações ao Rubro-Negro em alusão à tragédia já haviam acontecido em clássicos no ano passado contra Botafogo e Vasco.
Protestos rubro-negros
O preço dos ingressos e dos planos de sócio-torcedor do Flamengo foram alvos de protesto por parte da torcida. Na mureta do setor norte, rubro-negros estenderam faixas com os seguintes dizeres: “Exploradores da paixão”, “Festa na favela, preço de elite?”, “Por um sócio-torcedor melhor”, e “Pior sócio-torcedor do Brasil”.
Bom público e filas
Sem transmissão pela televisão, o clássico recebeu um bom público nesta noite: 46.669 torcedores.
Se do lado de dentro as torcidas fizeram a festa, o clima foi mais tenso para torcedores que chegaram mais perto do início da partida. Filas muito grandes se formaram nas bilheterias destinadas aos rubro-negros e muitos só conseguiram entrar com a bola já rolando.
Retirado de: UOL