Prevista para o início de abril, a primeira de duas parcelas de cerca de R$ 9 milhões da Adidas ainda não caiu na conta do Flamengo.
O clube busca uma solução amigável para a situação, mas já cogita ir à Justiça caso não tenha um retorno mais claro sobre uma data para quitação da dívida. As conversas estão em andamento e o presidente Rodolfo Landim, conforme informou o UOL, está à frente. A parceria está em seu oitavo ano de um contrato válido por uma década assinado no fim de 2012 e o atraso de quase 15 dias causa mal-estar internamente. O entendimento é de que a pandemia do novo coronavírus não é justificativa para o bloqueio da parcela, uma vez que ela é referente aos primeiros meses do ano e inclui bônus sobre conquistas já passadas, como Supercopa do Brasil e Recopa Sul-Americana.
O acordo com a fornecedora de material esportivo celebrado no início do primeiro mandato de Eduardo Bandeira de Mello prevê reajustes anuais. O acordo chega a cerca de R$ 40 milhões por temporada, entre um valor fixo, royalties, descontos de materiais, bônus por metas e luvas.
Dos quase R$ 18 milhões brutos nas duas parcelas deste ano, o Flamengo permanece com aproximadamente R$ 15 milhões limpos em seus cofres. Verba fundamental para manter a engrenagem em funcionamento sem grandes traumas e dar fôlego em meio à crise mundial. E a irritação com a Adidas tem motivo: ainda que considere ter gordura para queimar durante a paralisação da pandemia, o Flamengo não cogitava um panorama em que não recebesse valores de acordos já firmados.
No fim de março o clube divulgou seu balanço referente a 2019 com uma receita recorde de R$ 950 milhões. A previsão para este ano era inicialmente de um total de R$ 720 milhões. Mas tudo terá de ser recalculado com a pandemia. Ainda no relatório, o Flamengo cita que “a Administração do CRF fez um teste de stress usando as informações disponíveis e projetando um cenário de interrupção de jogos por até 3 meses. A conclusão é de que os impactos financeiros são absorvíveis e não representam risco de continuidade nas operações”. Mas há um porém.
O cenário do chamado teste de stress ocorreu dentro de uma uma mínima razoabilidade, com paralisação das receitas de jogos ou eliminações precoces em competições como Copa Libertadores e Copa do Brasil, por exemplo. A suspensão de receitas como os pagamentos da Adidas e de outros patrocinadores – o Azeite Royal, por exemplo, informou que o acordo não será cumprido e o clube irá à Justiça – não está neste cálculo. O que pode comprometer o futuro. A folha salarial de todo o clube – e não apenas no futebol – gira em torno de R$ 25 milhões. Na projeção feita pela diretoria, num cenário difícil os jogadores teriam 20 dias de férias durante a pandemia, retornariam aos treinos e ficariam por mais dois meses atuando com portões fechados. A questão decisiva na Gávea será a duração da pandemia.
Quanto mais tempo durar a paralisação, mais o Flamengo entende que terá de partir para uma renegociação com os atletas. Alguns jogadores já procuraram a cúpula do futebol antes mesmo do início das férias e se mostraram dispostos a discutir o atual cenário. Mas não há nenhuma oferta concreta de redução salarial ou renegociação de prazos no atual momento. Os jogadores seguem no período de descanso inicialmente até 21 de abril, sem extensão ao fim do mês como ocorreu com outros clubes. Na última semana a Adidas, em contato com a ESPN Brasil, informou por meio de uma nota a sua posição na questão do atraso da parcela do Flamengo.
“A adidas está em conversas com seus parceiros, nas últimas semanas, para encontrarem juntos a melhor maneira de enfrentar os impactos econômicos provocados pelo Covid-19.
Essa medida está sendo tomada, não só pela adidas, como também por diversas companhias dentro deste novo e imprevisível contexto econômico, para proteger a longevidade de parcerias e negócios.
A adidas segue o diálogo constante e aberto.”
Retirado de: ESPN