A pandemia de coronavírus trouxe um cenário de terror para o Equador. O zagueiro Frickson Erazo, com passagens por Flamengo, Grêmio, Vasco e Atlético-MG no Brasil, detalhou como está a situação no centro do problema, Guayaquil, capital econômica do país.
Em meio aos estudos na faculdade de Direito, o zagueiro também tem se dedicado a fazer doações em áreas carentes do país.
Já são milhares de casos no país e mais de 6 mil mortes registradas em 15 dias na província de Guayas. Pelo volume, não foi possível testar todas as pessoas para a Covid-19. O governo decretou luto de 15 dias e enfrentava dificuldade para recolher os corpos nas ruas de regiões mais pobres de Guayaquil. Uma força-tarefa está em ação nas últimas semanas e, no domingo, anunciou recolhimento de 700 cadáveres.
— Aqui no nosso país tem muita notícia falsa rodando. Havia pessoas que tinham mortos havia dois ou três dias em casa. Mas está sendo resolvido. O governo entendeu a necessidade do povo. Delegaram algumas pessoas para que possam resolver essa situação pela saúde e salubridade. Melhorou muito isso porque o governo entendeu a necessidade e agiu — contou Erazo ao portal Globo Esporte.
Em Guayaquil, as restrições para tentar conter o contágio impedem a circulação nas ruas. Mesmo quem está autorizado a sair, precisa usar luvas ou máscara. O governo controla a possibilidade de saída por número da identidade e também pelas placas dos veículos.
Erazo é quem faz as compras para a família e sai de casa quando precisa. Nos últimos dias, esteve em Esmeraldas, província onde nasceu, para fazer doações. Levou alimentos e kits de higiene e saúde para entregar em comunidades mais necessitadas.
“No Equador a situação está complicada, eu acho que na América Latina é um dos países que mais tem sofrido” (Erazo)— Tem pessoas em lugares que são esquecidas, que ficam na periferia, que estão passando uma situação complicada. Guayaquil, por ser a capital econômica, tem muito voo internacional. Antes das medidas de ficar em casa, tinha muito voo, muito comércio, situações que de uma forma ou outra foram afetando. Agora não pode sair de casa, não tem que ter ninguém na rua. Se não estiver de máscara ou luva, vai preso — comentou Erazo.
Saudade do Brasil
Erazo defende atualmente o 9 de Octubre, líder da Série B equatoriana. O time está sediado em Guayaquil. A escolha pelo clube foi justamente para ficar na cidade por conta dos seus negócios e para estudar. Está no terceiro semestre do curso de Direito e, aos 31 anos, toca de perto todas as suas empreitadas comerciais.
Como tem uma empresa de distribuição de alimentos, está nas exceções que podem trabalhar no atual momento de crise no Equador. Da passagem pelo Brasil, fica a saudade das amizades e os planos para, quando a situação se normalizar, visitar as cidades pelo qual passou.
— Como não ter saudade do Brasil? São cinco anos, tenho muita saudade de Porto Alegre, Rio, Belo Horizonte, do churrasco… Tem tanta coisa que lembro. Deixei muitos amigos, a esposa também, os filhos também. Eu gosto muito do Brasil. Gostaria de voltar, sim, se tiver a oportunidade de negócio, empreender por aí — destacou.
Erazo chegou ao Brasil pelo Flamengo, quando foi emprestado pelo Barcelona de Guayaquil em 2014. No ano seguinte, foi emprestado ao Grêmio e foi titular na defesa, mas um desacerto impediu a sequência no clube. Defendeu o Atlético-MG em 2016 e 2017 e o Vasco em 2018.
Retirado de: Globo Esporte