O Conselho de Administração do Flamengo abriu um processo administrativo e instaurou uma comissão de inquérito para analisar a situação do ex-presidente do clube Eduardo Bandeira de Mello. A informação foi publicada pelo “UOL” e confirmada pelo “Globo Esporte”.
A decisão foi tomada após o pedido formal do grupo político “Vanguarda Rubro-Negra”, depois de Bandeira afirmar ter “quase certeza” de que o incêndio no Ninho do Urubu, que vitimou 10 jogadores da base, não aconteceria se ele ainda fosse o presidente do clube.
Caberá à comissão de inquérito decidir se haverá arquivamento do caso, absolvição ou punição a Bandeira. Em caso de sanção, ela pode variar desde uma suspensão temporária de no máximo 360 dias até expulsão do quadro social.
O pedido do “Vanguarda Rubro-Negra”, guiado por Marcelo Vargas, um dos candidatos à presidência do Flamengo na eleição de 2018, se baseia em dois artigos do estatuto rubro-negro:
- 24, parágrafo XI: “Abster-se de usar qualquer meio de comunicação para veicular expressões desonrosas contra o FLAMENGO, ou os membros de seus Poderes, em campanha eleitoral, ou em razão de suas funções;”
- 49: “Veicular expressões desonrosas, por qualquer meio de comunicação, contra o FLAMENGO, ou os membros de seus Poderes, em campanha eleitoral, ou em razão de suas funções.”
O artigo 49 prevê duas punições: suspensão por até 360 dias ou eliminação do quadro social.
Entenda a situação
A polêmica começou quando Bandeira, em entrevista ao jornalista Jorge Nicola, afirmou ter “quase certeza” que o incêndio não ocorreria se ele ainda fosse presidente. Depois da repercussão, ele explicou dizendo que havia a previsão para os meninos da base deixarem os contêineres na virada de 2018 para 2019.
— Se eu ainda fosse presidente, tenho quase certeza que não teria acontecido o incêndio. Fiquei lá seis anos e não aconteceu nada. O que aconteceu ali, eu já não estava mais lá, e sinceramente não sei qual foi a causa. Mas espero que o MP chegue à verdade. Porque é muito desagradável se ter inocentes sendo acusados de maneira totalmente injusta. Um deles sou eu – disse Bandeira.
A declaração resultou numa nota oficial do Flamengo, assinada pelos presidentes de poderes do clube, rebatendo as declarações de Bandeira. No último sábado, em entrevista ao canal oficial do clube, o vice-presidente de futebol, Marcos Braz, também criticou o ex-dirigente.
— Bandeira de Mello foi covarde ou até mau caráter. Essa atitude não sei se foi de mau caráter ou de oportunismo. Quem o conhece até acha que foi de mau caráter, mas eu fico com o oportunismo. Quem analisa, um jornalista, pode até falar isso, mas ele como ex-presidente nunca poderia. Foi na gestão dele que contrataram aquele contêiner, que as crianças estavam lá e chegaram todas as notificações da prefeitura – disse Braz. Bandeira negou que o clube tivesse recebido quaisquer notificações da prefeitura.
Retirado de: Globo Esporte