Atacante revelado pelo Flamengo revela casos de racismo sofridos na Europa e no Brasil

Diego Maurício e Vanderlei Luxemburgo durante um treinamento do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

A chocante morte de George Floyd pela polícia de Minneapolis chocou o mundo. Desde então, diversos protestos eclodiram ao redor do mundo lutando contra o racismo e o preconceito. No futebol, não foi diferente. Diversos jogadores usaram seu espaço na mídia e até dentro de campo para expor a revolta com os acontecidos.

Nesta segunda-feira (8 de junho), o atacante Diego Maurício foi o convidado do Expediente Futebol. Revelado pelo Flamengo, o jogador revelou que já foi vítima de racismo em sua passagem pelo futebol da Europa e também no Brasil.

“Igual (racismo no Brasil e exterior). Eu passei uma situação bem complicada na Rússia, logo que cheguei. Jovem, saindo do Rio de Janeiro, fui para lá e foi uma situação que fiquei muito triste. Fui no mercado e, quando cheguei lá, vi um segurança, uma pessoa me encarando olho a olho, praticamente colada em mim. E eu pensei: “será que está acontecendo alguma coisa?”. Peguei os meus mantimentos, eu estava andando e ele me seguindo. Cheguei no caixa, fui pagar, e ele me olhou igual, me viu pagando, me senti muito constrangido e ele continuou me seguindo até o final para sair do mercado e foi me acompanhando praticamente até o meu carro. Também passei no Brasil, deve ter um ano e pouco. Eu e minha esposa estávamos num posto de gasolina, parei para abastecer o carro, e na hora que paramos e eu abaixei o vidro, passou uma polícia na minha frente. Me levou para um lado e minha esposa para outro e chegou um policial falando para mim: “o que você está fazendo com esse carro? O que você está fazendo com essa mulher? – minha esposa, no caso, branca -? Você sequestrou ela? Você a assaltou?”. Falei que era a minha esposa, mas ele não acreditou…no final, de tanto eu falar que não, que não estava com nada. Me perguntou o que eu fazia e eu disse que era jogador de futebol. Então ele disse: “então por ser jogador de futebol você pode estar com uma mulher assim, um carro assim?”. Fiquei muito triste. Não existem só jogadores de futebol, existem médicos negros, modelos negras, atrizes negras, em várias funções existem vários negros. Foi algo que me deixou bastante chateado”, começou por afirmar.

Sobre os movimentos que vêm acontecendo no Brasil e no mundo, o atleta disse que é a favor e torce para que, um dia, a sociedade chegue à igualdade.

“Acho que esse movimento que está acontecendo é que a igualdade no país chegue realmente para ficar, em pleno século XXI, para você se ligar no que está acontecendo. Têm muitos brancos nessa luta também, não é uma guerra entre negros e brancos, todos estão num único caminho, num objetivo só. Que meus filhos no futuro possam chegar e falar: “Obrigado, pai, por vocês lutarem e hoje estarmos na igualdade”, finalizou.

Retirado de: Fox Sports