A goleada sofrida por 5 a 0 para o Independiente del Valle, quinta-feira, a maior da história do Flamengo na Libertadores, jogou combustível no ambiente explosivo do clube. O jogo contra o Barcelona, na próxima terça, em Guayaquil, ganhou um peso ainda maior para determinar os rumos da equipe e do técnico Domènec Torrent.
O péssimo desempenho misturado com a apatia em campo fez aumentar ainda mais as cobranças em cima do catalão. Para potencializar ainda mais o boca a boca da guerra fria, toda a cúpula do futebol, além do presidente Rodolfo Landim e alguns vice-presidentes, estão com a delegação no Equador.
No início da tarde deste sábado, o vice de futebol Marcos Braz dará uma entrevista coletiva e tratará do assunto.
Até agora, Dome comandou o Flamengo em 11 jogos e utilizou 11 formações diferentes, com uma média de quase quatro mudanças de uma partida para outra. Muitas vezes ele foi forçado por questões médicas, mas em outras foi por opção técnica ou para diminuir o desgaste. A mudança de filosofia em relação ao que seguia Jorge Jesus virou motivo para questionamentos.
— Foi assim em todos os times onde estive nos últimos 11 anos. Temos um bom elenco e vão jogar todos. Eu mudo, porque temos informações, falamos com os jogadores, vemos se estão cansados. Temos um elenco equilibrado. Todos podem jogar que muda quase nada – disse após a vitória sobre o Fortaleza no Maracanã.
Se não pontuar contra o Barcelona, lanterna do grupo com três derrotas em três partidas, o Flamengo corre o risco de ver o Grupo A embolar e dificultar a classificação para a próxima fase.
Na quinta-feira, o Barcelona foi derrotado em casa pelo Junior Barranquilla, que somou seus primeiros três pontos e na próxima rodada vai enfrentar o líder Independiente del Valle, na Colômbia.
Nível de cobrança inédito na carreira
Agora em Guayaquil, sem a influência dos 2.850 metros da altitude de Quito, Dome tem a missão de mudar a cara do Flamengo, que mostrou muitas fragilidades defensivas e teve o ataque facilmente anulado pelo Del Valle.
Embora bastante experiente no futebol, Domènec foi a maior parte de sua carreira auxiliar e não tem em seu histórico profissional um nível de pressão comparável ao que vive no Flamengo. Mesmo quando estava no Barcelona, Bayern de Munique e Manchester City, todos holofotes estavam voltados para Pep Guardiola.
Em seu único trabalho no cargo de técnico depois de deixou a comissão de Guardiola, Dome dirigiu o New York FC, que disputa a MLS. Lá, substituiu um treinador bastante querido, o francês Patrick Viera, e, apesar de ter tido resultados melhores do que antecessor, não teve a mesma empatia com os torcedores. Saiu do clube, em comum acordo com a diretoria, um ano antes de o contrato terminar.
No Flamengo, a missão de Dome é ainda mais difícil: substituir, com resultados que mantenham o time na disputa das principais competições, um técnico que foi vencedor e carismático.
Retirado de: Globo Esporte