Atual campeão da Copa Libertadores, um Flamengo nas cordas defende hoje (1) contra o Racing (ARG) o seu cinturão do título, às 21h30, no Maracanã, em jogo válido pela volta das oitavas de final. Na ida, empate por 1 a 1 em Buenos Aires.
Ainda que o empate sem gols favoreça os donos da casa, o Fla vive dias conturbados dentro e fora de campo. Com a defesa em xeque e assombrado por lesões, o Rubro-negro tem de estancar o ‘vazamento’ do sistema defensivo que incomoda desde 28 de outubro, quando a equipe bateu o Athletico por 1 a 0 e saiu de campo sem levar nenhum gol pela última vez.
A crise no sistema defensivo se mistura com questionamentos acerca do departamento médico, que não tem conseguido acelerar a recuperação de jogadores. Principal zagueiro do elenco, Rodrigo Caio voltou lesionado da seleção brasileira e não veste rubro-negro desde o triunfo por 2 a 1 sobre o Barcelona (EQU), em 22 de setembro. O defensor conviveu com problemas no joelho, na panturrilha, mas pode ser novidade na noite de hoje. Com Léo Pereira e Gustavo Henrique sob intensa pressão, Rodrigo é visto como a esperança para reequilibrar a zaga.
As contusões que assombram o Ninho do Urubu não se limitam ao camisa 3, já que Isla, Pedro, Diego e Gabigol também se recuperam de problemas. A tendência é que o chileno e o atacante estejam à disposição, mas o artilheiro, que teve desequilíbrio muscular constatado, é dúvida e preocupa. O meia também deve ser relacionado. O novo problema de Gabriel, que ficou longo tempo afastado por conta de lesão no ligamento no tornozelo, no entanto, atinge em cheio os profissionais do clube, acuados por contusões em série.
Na última sexta (27), Márcio Tannure, chefe do departamento médico rubro-negro, concedeu coletiva e algumas declarações não foram bem digeridas. Ele, que comandou uma intensa reformulação no setor, falou em insatisfação com o trabalho que vinha sendo realizado e assumiu para si a responsabilidade pelas trocas. Coincidentemente, Gabigol teve seu novo problema diagnosticado no dia seguinte, o que jogou Tannure e seus pares ainda mais no olho do furacão. Se somadas também as convocações para as Eliminatórias Sul-Americanas e o surto de Covid-19 que atingiu o time, o elenco não está 100% à disposição a nada menos que 25 jogos.
“A gente já vinha estudando as mudanças, não fizemos isso antes porque ia ter a mudança da comissão técnica e a gente esperou. Tinha um descontentamento meu com o trabalho que vinha sendo aplicado. Toda mudança tem o impacto negativo. Prefiro um fim com dor do que dor sem fim”, justificou o médico.
Um eventual tropeço contra os argentinos deve custar muito caro e pode precipitar mudanças no clube. Abalado pela eliminação na Copa do Brasil, o Fla não pode sequer sonhar com nova queda. Além do aspecto esportivo, deixar a competição continental seria um abalo gravíssimo nas finanças do clube, já combalidas desde o início da pandemia. Sem as receitas do torneio sul-americano, os planos da cúpula de futebol seriam diretamente afetados.
Para adicionar ainda mais tempero ao conturbado momento nos bastidores, Marcos Braz, vice-presidente de futebol, pode virar alvo de uma investigação por um suposto uso do clube em sua campanha a cargo na Câmara dos Vereadores do Rio. Após o conselheiro José Carlos Isidro Pereira, o Peruano, protocolar pedido de abertura de comissão de inquérito para investigar o cartola, a questão caminho na Gávea.
Ontem (30), Antonio Alcides Pinheiro, presidente do Conselho Deliberativo do Fla, encaminhou o pedido a Bernardo Amaral, responsável pelo Conselho de Administração do clube. Caberá a Amaral definir se há elementos para a abertura de um processo.
Braz é acusado de “uso das cores rubro-negras” na campanha, uso de “dizeres que remetem ao Flamengo” e “uso de funcionários que teriam pedido votos nas dependências do clube”. Por mais que desfrute de muito prestígio junto a jogadores e funcionários, o cartola enfrenta resistência de alguns cardeais da política do Flamengo e cair da Libertadores pode gerar consequências.
Com uma semana cheia para trabalhar, Rogério Ceni priorizou ajustes de posicionamento e tratou de somar forças durante esses dias. O técnico soma créditos, mesmo após cair para o São Paulo, mas não quer pagar para ver o que pode acontecer se os rubro-negros deixarem mais uma chance de título escorrer pelas mãos em um intervalo de apenas 13 dias.
Retirado de: UOL