O técnico Rogério Ceni saiu em defesa de Gustavo Henrique após a vitória do Flamengo sobre o Botafogo por 1 a 0, neste sábado, no estádio Nilton Santos. Para o treinador, o zagueiro tomou a decisão correta ao segurar Lucas Campos e ser expulso no fim da partida, evitando um lance de perigo que poderia gerar o empate para o rival.
— Num dos momentos cruciais, ele fez o correto no momento correto. Tivemos um pequeno erro, e ele corrigiu mesmo tendo de se sacrificar. Eu acompanho o treinamento de todos os zagueiros. Trabalho a linha de quatro atrás, tenho me dedicado bastante. Hoje foi um dia importante, porque há muito tempo o Flamengo não fechava um jogo sem tomar gols – disse Ceni.
O treinador explicou ainda que a opção por manter Gustavo Henrique como titular foi por causa da altura dos atacantes do Botafogo, Pedro Raul e Matheus Babi, ambos com mais de 1,90m.
— Eu acompanho todos os dias e quero o melhor para o Flamengo. Outros jogadores vão ter as oportunidades. Neste momento, pelo entendimento, pelo dia a dia, pelo que conheço do jogador, o Botafogo vinha com jogadores acima de 1,90m. Ele tem bola aérea boa e cabeceio superior ao de outros jogadores. Ele foi importante nesse tipo de jogada. Fez boa partida, ajudou a equipe – completou o treinador.
Confira outras respostas de Rogério Ceni na coletiva:
Uso de jogadores da base
Quero deixar claro que eu subi na base de um clube. Sei o valor que tem cada jogador de categoria de base, e gosto muito de trabalhar com jovens sempre.
O (Rodrigo ) Muniz posso citar como exemplo positivo de um jogador da base. Estava no Coritiba e foi um pedido nosso. Temos um centroavante na seleção brasileira, que é o Pedro, outro que também é chamado, que é o Gabriel, e usamos um jogador de categoria de base nessa posição.
Sobre o Ramon, ele tem boa concorrência com um jogador que gosto muito que é o Filipe, tenho também o Renê. Natan é um jogador que observo todos os dias, vem crescendo, dou o máximo de atenção. Quando estiverem prontos, vão ser usados. Sei dessa tradição com os jogadores de base. Eles estando no momento correto, pretendo utilizá-los.
Recuperação após eliminação na Libertadores
— Pela partida que fizemos contra o Racing, merecíamos estar na Libertadores. Era muito importante para mim estar naquela competição. Não posso voltar ao passado, não posso ficar remoendo. O primeiro e o segundo dias são difíceis, tem aquele silêncio…
— É um grupo com certa experiência, que já passou por conquistas e derrotas doloridas, como foi essa. É importante para conseguir assimilar o que pretendia para o futuro, infelizmente ficar no caminho, essa experiência ajuda a entrar novamente num campeonato que se tornou único. É o que a gente tem, vamos brigar jogo a jogo para conquistar esse título brasileiro.
Expulsão de zagueiros é fator psicológico?
— Não. De jeito nenhum. Numa expulsão, um zagueiro estava o banco de reservas (Natan). A do Thuler é bem questionável. Num campo molhado, tira a bola, mas não foi um lance claro de violência.
— A do Rodrigo Caio foi por dois cartões amarelos que poderiam ser evitados, mas o time reagiu bem, com 10 contra 11 conseguimos fazer com que o Racing não passasse do campo.
— Hoje, uma falta tática necessária (Gustavo Henrique). Nenhuma delas tem a ver com lado psicológico. Todo mundo está focado, sabedor do que esse Brasileiro significa para a gente. É claro que é muita expulsão. Mas repito, talvez a gente não dê valor hoje, mas o zero no placar tem significado importante. Queremos fazer dois, três gols. As oportunidade estão sendo criadas.
Importância maior da vitória sobre o Botafogo?
— Com certeza. Era importante jogar bem. Acho que o time controlou o jogo como um todo. Vamos ficar com a imagem daquela falta, a expulsão no fim do jogo. Mas, como um todo, o Flamengo teve o controle do jogo, propôs, tentou, teve as melhores oportunidades.
— O finalzinho do jogo teve um suspense grande, se a gente tivesse feito o segundo gol teríamos definido. Eu queria mais gols, mas acho que o time controlou bem o jogo, teve a posse, o controle. O Botafogo se defende muito em linha baixa, é difícil penetrar.
— Temos que melhorar, mas a vitória era muito importante. Era mais do que necessária. A gente comprou, hoje, com essa vitória, oito dias de trabalho para se preparar bem para o jogo contra o Santos.
Mudanças táticas no intervalo
— A equipe teve chances no primeiro tempo e ficou muito próxima do gol. O Gerson jogou mais adiantado que o Arrascaeta e Everton Ribeiro. Precisávamos colocar o posicionamento destes jogadores entre as linhas para sair as tabelas. A marcação no campo de bola, roubamos a bola do Botafogo. Acho que foram as coisas que mais surtiram efeito que treinamos nos últimos dias: pressão e defesa zerada, porque o número de gols sofridos tem sido muito alto nos últimos jogos.
Pacto com o elenco?
— O pacto que se tem aqui é com o Flamengo. Tanto meu com o clube e os atletas com o clube. Na figura de treinador, eu me incluo nesse pacote. O que posso falar desses caras… Sei que o torcedor pode pensar em falta de interesse, acomodação, isso não existe.
— Eles são bons de trabalhar, eles querem treinos, novas ideias. Contra o Racing, treinamos pênaltis até 12h. Gostam de informação. Eles têm interesse em fazer o Flamengo campeão. O pacto maior que existe é pelo Flamengo campeão.
Problemas nas finalizações
— Continuar trabalhando finalização. É uma das coisas que procuro fazer diretamente. Duas vezes por semana, eu, pessoalmente, cruzo de 200 a 250 bolas eles. É a questão do detalhe, assim como foi contra o Racing. É algo que foge do controle. Com jogos seguidos, não tenho condições de trabalhar tanto com eles. Nesta semana, talvez, com oito dias, a gente tem seis dias de trabalho mais intenso para que a gente possa incluir também esses jogadores na finalização. Nada na vida se consegue sem repetição. Vamos trabalhar.
Retirado de: Globo Esporte