O Flamengo patinava no Campeonato Brasileiro de 2009, e a diretoria tomou a decisão de demitir Cuca. O time seria comandado, até a definição de um novo treinador, pelo auxiliar Andrade, multicampeão pelo Rubro-negro como jogador. O resto é história. O ex-técnico demonstrou confiança no atual elenco e disse que uma nova arrancada é totalmente possível. Ele, no entanto, faz um alerta: é preciso que os atletas mudem sua postura em campo para conquistar mais um título nacional.
“Eu não tenho dúvida nenhuma. São 30 pontos em disputa e pelo elenco que tem. Agora, precisa mudar a postura, ver o que está sendo feito de errado e acreditar que é possível ainda. Eu ainda acredito no título. É só mudar a postura que tem como dar nova arrancada”, disse Andrade ao UOL Esporte.
Andrade faz questão de relembrar o tempo de atleta, inclusive. Ele lembra da geração de Zico e cia para marcar um ponto. Até mesmo aquele timaço precisava resolver algumas partidas na marra. Segundo o ex-técnico, é justamente isso que falta ao atual time do Flamengo.
“Na minha época de jogador, a gente sabia que não era sempre que ia resolver na técnica. Tinha dia que as coisas davam errado e tinha que mudar a forma de jogar. Precisam entender isso e ter uma alternativa. Não adianta só qualidade e técnica. Até usávamos um termo: “tem dias que tem que colocar a bunda no chão”. Vai precisar dar um carrinho, algo que foge das características dos jogadores mais técnicos. Para ganhar o jogo às vezes é preciso mudar”, completou.
Sobre o time de 2009, Andrade disse que foi necessária uma reunião com os jogadores logo que seu nome foi confirmado. Segundo ele, o time sofria com pressões externas, o que abalava a confiança e a união do grupo.
“Reuni os jogadores e fiz eles verem que a possibilidade de crescerem na carreira é ganhando título de expressão. Nosso objetivo era o Brasileiro. Para isso era preciso estar fechados, unidos. Vinha muita coisa de fora que acabava desequilibrando o grupo. A partir do momento que nos fechamos, as coisas começaram a acontecer”, afirmou lembrando também algumas mudanças na parte tática.
“Tínhamos dois laterais que atacavam muito e pedi maior equilíbrio. Eles [Léo Moura e Juan] passaram a subir um de cada vez e não ao mesmo tempo. Algumas outras mexidas como o Airton fazendo o terceiro zagueiro em determinados momentos da partida. Fizemos esses ajustes e paramos de tomar gols de contra-ataque. Levamos um gol em seis jogos. E o time continuava fazendo gol com um ataque maravilhoso: Petkovic, Adriano, Zé Roberto, os próprios laterais que seguiam atacando”, completou.
Andrade alivia Ceni e vê culpa maior de jogadores
Os números falam contra Rogério Ceni e isso é um fato imutável. Andrade, no entanto, acredita que a culpa não deveria recair tanto sobre os ombros do treinador. Segundo ele, os atletas não têm atravessado grande momento e são os verdadeiros responsáveis pela fase do time.
“Postura não é culpa do treinador, mas dos jogadores. Não se pode perder tantos gols como tem acontecido, pois faz falta. Se cobra muito do treinador, mas a responsabilidade maior é dos jogadores. Quando ganha, ganha todo mundo. Por que quando perde, perde só o treinador? Tem que mudar isso. Tiveram pênaltis desperdiçados, gols claríssimos… poderiam mudar a situação. Não é só o Rogério”, disse.
“Os números já dizem a verdade. É pouco, 44% de aproveitamento. Com o elenco que tem… pode melhorar muito com a qualidade do elenco que tem. O grupo tem vontade, quer jogar. Quando está sem a bola tem que se mostrar mais determinado. Retomar confiança, se entregar em campo. Mas é sempre preciso deixar claro que são os jogadores que entram em campo”, finalizou.
Retirado de: UOL