Licitação atrasada impede obras de R$ 50 milhões para recuperar Maraca

Interior do estádio Maracanã (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Em 2019, o governo do Rio de Janeiro removeu a Odebrecht da gestão do Maracanã. Logo depois, fez concessão provisória de dois anos para Flamengo e Fluminense, garantindo uma licitação em seguida que cederia o estádio em definitivo.

O tempo passou e o governo ainda não decidiu qual clube será o gestor do estádio. A demora culminou na deterioração do Maraca à espera de obras que só poderão ser realizadas em cessão permanente. O valor avaliado até o momento é de R$ 50 milhões em reparos.

A cessão provisória ao Flamengo e ao Fluminense prevê o pagamento de R$ 230 mil mensais ao governo, além de ambos terem de manter o estádio em bom estado. Mesmo com a crise mundial e o déficit nos cofres por conta da falta de público, os clubes conseguiram manter suas partes do acordo e pagaram devidamente o combinado.

O fato de os portões estarem fechados no Maraca não trouxe apenas desvantagens, mesmo que os pontos positivos não sirvam de contrapeso para o rombo por conta das bilheterias. Em partidas de portões fechados, os gastos de cada clube com preparativos no estádio caíram de R$ 2 milhões para R$ 1,3 milhão.

Durante os dois últimos anos, houve recuperação de assentos, refletores, gramados e itens para um estádio mais funcional. Por exemplo, a iluminação do Maracanã dobrou sua capacidade nas mãos dos clubes (de 40% para 80%). Houveram também reformas nas partes elétrica e hidráulica do local, ressaltando que a primeira estava caótica.

Porém, ainda sim o estádio necessita de melhoras que só poderão ser feitas em concessão definitiva. Alguns exemplos são os estados da cobertura e do placar eletrônico, que foram danificados em 2016 com os fogos da abertura das Olimpíadas. A cada ano que passa a área a ser reformada cresce e o valor do reparo atualmente é de R$ 32 milhões.

Outros investimentos altos seriam a troca dos telões (já obsoletos) e do gramado. Além destas, existem questões menores, como a troca de chaveiros e vidros que foram comprados fora do Brasil. Para a alteração para um produto mais rentável, também é necessária a concessão.

O CEO do Maracanã, Severiano Braga, confirmou que a falta da concessão interfere no desgaste do estádio: “Sim afeta. Com o termo de permissão provisória nós não conseguimos fazer todas as melhorias e atualizações necessárias no estádio. A manutenção é feita para garantir o melhor funcionamento do estádio sem interferir na qualidade do serviço.”

A assessoria da Defesa Civil informou que o processo já foi iniciado e uma decisão deverá ser anunciada em outubro.

“O Governo do Estado publicou na semana passada, um decreto nomeando as comissões técnica e especial de licitação para iniciar a nova concessão do complexo do Maracanã. O novo edital vai contemplar todas as questões pertinentes à manutenção e melhorias no estádio. A estimativa é que toda a ação seja concluída até o final de outubro deste ano. Os clubes Flamengo e Fluminense têm uma permissão de uso, em caráter provisório, para o utilização do espaço. Este documento inclui várias responsabilidades, entre elas, a manutenção do complexo.
O Governo mantém ainda uma equipe que realiza a fiscalização da gestão e operação do Maracanã e atua diretamente na interlocução com os dois clubes. Não há relato de descumprimento dos termos. Mensalmente, os clubes prestam conta das responsabilidades assumidas, dentre elas os gastos com manutenção.”

Enquanto o governo do Rio de Janeiro não toma nenhuma decisão, o Maracanã continua sendo gerido por ambos os clubes. Nesta sexta-feira (19), será a vez do Flamengo utilizar estádio, em partida contra o Resende, às 21h (horário de Brasília), pela 4ª rodada do Campeonato Carioca.