O Flamengo foi acionado pelo Bangu na Fifa para repassar o percentual de clube formador referente à primeira parcela paga à Fiorentina pela compra do atacante Pedro, no valor de R$ 15 milhões. No total, o rubro-negro dividiu o valor em seis parcelas ao longo de três anos (duas por ano), a primeira quitada no fim de março, no total de R$ 94,5 milhões (14 milhões de euros).
Ciente disso, o escritório que atende ao Bangu ingressou com a ação. O Flamengo já tomou conhecimento e contesta, alegando problema no passaporte esportivo de Pedro. O pedido do Bangu acontece em meio a uma investigação da Polícia Civil do Rio, que apura possível fraude no documento que atesta que o jogador atuou clube carioca entre 2011 e 2013.
O passaporte é utilizado para a equipe formadora buscar o recebimento do chamado “mecanismo de solidariedade”. Com ele, a agremiação recebe 5% do valor dos contratos de vendas futuras. Levando em conta a primeira parcela da compra de Pedro, o Bangu receberia R$ 750 mil.
O atleta nega que tenha atuado pelo time da Zona Oeste do Rio. Já a diretoria do Bangu apresentou a súmula de uma suposta partida em 2011. É exatamente esse documento que as autoridades pediram uma perícia.
A súmula foi fornecida pela Federação de Futebol do Rio (Ferj) à CBF e entregue à Delegacia de Defraudações juntamente com o passaporte esportivo. O Flamengo alega que o passaporte tem problemas e contesta o direito do Bangu. O clube rubro-negro colocou seu departamento jurídico em ação para que a diretoria banguense comprove a documentação. A ação na Fifa é movida pelo escritório da advogada Luciana Lopes, filha do presidente da Federação de Futebol do Rio, Rubens Lopes.
Procurado, o presidente do Bangu, Jorge Varela, não retornou os contatos da reportagem. No Flamengo, o departamento jurídico apenas confirmou que questiona a documentação.
Venda do Fluminense
Pedro teve passagem pelo futsal do Flamengo, mas foi revelado pelo Fluminense. Em 2019, foi vendido pelo tricolor à Fiorentina, da Itália, que pagou cerca de R$ 58 milhões por 80% dos direitos econômicos. Somente nesta negociação, o Bangu recebeu aproximadamente R$ 200 mil.
Em março, o jogador foi depor na Delegacia de Defraudações sobre o caso e negou que tenha tido passagem pelo Bangu. Em outro depoimento, a mãe do atleta disse o mesmo. Pedro disse que fez testes no clube em 2011 numa praça no bairro de Bangu. Já o presidente do clube, Jorge Varela, alegou que o jogador teve vínculo com o clube de Moça Bonita durante esse período e apresentou uma súmula de uma suposta partida do atacante em 2011.
Em nota na ocasião, a CBF disse que os passaportes esportivos dos atletas são emitidos com base nas informações enviadas pelas federações estaduais. Já a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) informou, em nota, que no caso do atacante Pedro foram cumpridos os mesmos procedimentos desportivos estabelecidos por entidades superiores, e que a documentação foi registrada e publicada desde 2011 na entidade e na CBF.
Retirado de: O Globo