Dirigente da MLS coloca 3 clubes como exceção em gestão no Brasil

Rodolfo Landim durante entrevista coletiva na Gávea (Foto: Agência Foto BR)

Os recentes resultados esportivos de Flamengo, Grêmio e Palmeiras não vêm ao acaso. A conquista de taças se deve muito ao trabalho financeiro das diretorias dos três clubes fora de campo. Prova disso é o recente relatório de Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol, do Itaú BBA, apresentado pelo economista César Grafietti.

No documento, que foi divulgado na última terça-feira (18), as três equipes foram as exceções e obtiveram mais elogios que ressalvas por conta da linha saudável de gestão em um ano tão impactado financeiramente por conta da crise global.

Os resultados chamam atenção fora do Brasil. Em entrevista ao site da ESPN, André Zanotta, diretor de futebol do FC Dallas, da Major League Soccer (MLS), e que, no Brasil, teve passagens por Santos, Grêmio e Sport, afirmou que, em meio a gestões tão ruins, os clubes gaúcho, carioca e paulista são as exemplo a serem seguidos pelos rivais.

— Infelizmente, a organização dos clubes no Brasil está longe do ideal. A questão política dos clubes é muito forte. Você vê os clubes grandes se desmanchando, indo para a segunda divisão, com problemas financeiros gigantescos e dívidas quase impagáveis. Qual a credibilidade que um clube europeu vai buscar com um clube desse? Óbvio que tem exceções, vejo o grande trabalho que o Palmeiras tem feito aproveitando a base, o Flamengo se reestruturou desde a época do Bandeira de Mello, o Grêmio com o presidente Romildo fazendo uma gestão brilhante. Infelizmente, são poucas as opções, começou por afirmar o dirigente, antes de também destacar o modelo recente do Red Bull Bragantino, que Zanotta projetou como destaque a longo prazo no Brasil e que já vem colhendo frutos.

— Agora, tem o RB Bragantino, eu não tenho dúvida que vai se destacar. É um clube organizado, dentro de uma estrutura muito forte, tem suas parcerias pelo grupo. O Brasil nunca vai ser superado na matéria-prima, a cultura do futebol aqui nos EUA não se compara. Mas, a questão de organização e profissionalização está bem à frente do Brasil.

Se por um lado Flamengo, Grêmio e Palmeiras têm resultados esportivos e financeiros convergentes, Botafogo, Cruzeiro e Vasco trazem à tona um modelo negativo, que, para Zanotta, não vai se sustentar a longo prazo se não tiverem uma gestão profissional.

— O modelo para mim não é o principal. O principal é a gestão ser profissional. Se a gestão for profissional, como os clubes que citei, o clube pode continuar tendo sucesso. Pega Botafogo, Cruzeiro, Vasco, gestões que passaram e não foram competentes, para dizer o mínimo, para deixar o clube em uma boa situação. Esses clubes não vão se sustentar ao longo do tempo se mantiverem nessa forma.

Eu vejo que o Salgado, por exemplo, a gestão que está fazendo no Vasco parece algo diferente do que vinha sendo feito. Espero que no Botafogo, o Cruzeiro acredito que esteja tentando sair do buraco que entrou. São esses modelos que não são sustentáveis. Não acredito que tenha um modelo, mas sim a gestão dos clubes”.

Flamengo e RB Bragantino se enfrentam neste sábado, às 21h, no Maracanã, pela 5ª rodada do Campeonato Brasileiro. Com seis pontos e dois jogos a menos, o Rubro-Negro é o 9º colocado, já o Massa Bruta está em 4º, com oito.

Retirado de: ESPN