Dirigentes dos principais clubes das Séries A e B querem marcar posição na eleição para presidente que a CBF terá de fazer se for confirmado o afastamento definitivo de Rogério Caboclo. Ele é acusado de assédio sexual e moral por uma funcionária e foi retirado do cargo em 6 de junho, por 30 dias, para que o Comitê de Ética possa investigar a denúncia.
Os cartolas querem chegar a um nome de consenso para apoiar entre os oito vice-presidentes, que pelo estatuto serão os candidatos a completar o mandato até abril de 2023. Mesmo tendo peso de voto inferior ao das federações, o que na prática faz com que as entidades estaduais decidam o pleito, os clubes avaliam que se os 40 fecharem com um nome publicamente, uma unanimidade pouco comum entre eles, manterão força nos bastidores no momento em que articulam a criação de uma Liga para organizar o Campeonato Brasileiro.
Mas o movimento, também, mira o futuro, a eleição que será em abril de 2022 para o próximo mandato, que começa em abril de 2023. Os clubes querem minar a influência que o ex-presidente Marco Polo Del Nero, mesmo banido do esporte pela Fifa acusado de corrupção, ainda tem na confederação.
Na avaliação da cartolagem, se um vice apoiado por eles vencer a eleição excepcional que ocorrerá se Caboclo sair definitivamente, é possível que parte das demandas que os clubes querem da CBF saia do papel. São elas: maior peso de voto nas eleições, um calendário que evite perda de jogadores em datas-Fifa, maior transparência do uso do VAR e articulação em Brasília para que uma lei seja criada para que os mandantes dos jogos sejam detentores dos direitos de transmissão das partidas.
Mas mesmo se apoiarem um candidato que perca, os clubes avaliam que terão marcado território. Há conversas entre alguns cartolas com presidentes de federações que estão descontentes com a política atual da CBF.
Entre os vice-presidentes, Antônio Carlos Nunes, que está interinamente sentado na cadeira de presidente por ser o mais idoso enquanto Caboclo é investigado, é o preferido de parte da direção da CBF que hoje é ligada a Del Nero. Outro nome da “situação” é o do advogado Castellar Neto, ex-presidente da Federação Mineira de Futebol. Esses dois desagradam aos clubes.
Ex-presidente da Federação da Bahia, Ednaldo Rodrigues tem conversado com alguns presidentes. Francisco Noveletto, ex-chefe da Gaúcha, também. Um dos representantes sul-americanos na Fifa, Fernando Sarney não tem o nome na lista de apostas para comandar a CBF, por não querer, mas é um dos principais interlocutores hoje dos dirigentes na CBF.
Entre os clubes, se destacam nas conversas os presidentes do Palmeiras, Mauricio Galiotte, do Grêmio, Romildo Bolzan, do São Paulo, Julio Casares, e do Flamengo, Rodolfo Landim. Galiotte, que tem mandato terminando no fim de 2021, aparece como forte candidato a ter cargo importante se de fato uma Liga sair do papel ou, em uma possibilidade bem mais remota, se os clubes conseguirem colocar de pé uma candidatura deles à presidência da CBF.
Se Caboclo for afastado definitivamente, o presidente interino tem 30 dias para convocar nova eleição para o término do mandato, podendo se candidatar apenas qualquer um dos oito vice-presidentes. Votam os representantes das 27 federações estaduais, com peso 3, dos 20 clubes da Série A, com peso 2, e dos 20 da B, com peso 1.
Retirado de: Blog do Marcel Rizzo – UOL