Rogério Ceni é o quarto treinador a deixar o Flamengo em pouco mais de dois anos da gestão de Rodolfo Landim. Tirando Jorge Jesus, todos os demais saíram ou demitidos ou com algum desgaste, tais quais Abel Braga, Doménec Torrent e agora Ceni.
E o modo como o português sobreviveu em meio a um departamento de futebol sem lideranças profissionais que tomem à frente das situações explica o porquê de o clube ter Renato Gaúcho como o mais cotado para assumir o cargo no momento.
Embora haja receio de que o técnico tente centralizar todas as ações em si, parte da diretoria entende que foi assim que Jorge Jesus conseguiu sobreviver diante do fato de ninguém do clube tem essa capacidade atualmente.
Desde que o português assumiu, era ele quem dava as cartas, como um manager. Os treinadores que o Flamengo contratou após a sua saída para o Benfica não tinham este perfil. Ou não conseguiram se impor. E não funcionaram. Viram a estrutura do clube o tragarem para crises sem controle.
Desta forma, há uma ala do Flamengo que vê em Renato capaz de tomar o comando do futebol para si. E dialogar bem com o vice de futebol Marcos Braz e o diretor Bruno Spindel, que conduzem a pasta sem aparições em momentos conturbados e poucos embates com o grupo de jogadores para fazer cobranças.
Mudar de técnico apenas e trazer outro profissional que não tenha forças para romper com a estrutura enraizada no Ninho do Urubu é visto internamente como mais do mesmo. Por isso, embora não tenha os mesmos dotes de Jesus na parte técnica, Renato aparece como alternativa capaz de segurar bem o vestiário, impor limites a atletas e funcionários, e fazer o bom elenco rubro-negro voltar a trazer os tão esperados resultados.
Retirado de: O Globo