Um dos maiores ídolos da história da Juventus e campeão da Copa do Mundo de 2006 pela Itália, Alessandro Del Piero teve a chance de jogar no Brasil. Quando estava para sair da “Velha Senhora”, no meio de 2012, ele foi sondado pelo Flamengo, mas não veio porque já havia fechado com o Sydney FC, da Austrália.
No ano seguinte, o nome do clube rubro-negro foi novamente especulado na vida do craque italiano, que cogitou mudar-se para o Rio de Janeiro.
— Na minha época tinha um burburinho dele ir para o Flamengo e ele sempre me perguntava como era o Brasil e o clube. Ele ficou balançado e você via um brilho no olho dele, disse Tiago Calvano, ex-companheiro do craque no time australiano, ao site ESPN.
— Ele queria viver uma experiência diferente e por isso foi para a Austrália. Na Itália, ele não poderia atravessar a rua ou tomar um café. Uma vez, fizemos uma pré-temporada na Itália e foi coisa de outro mundo. O fanatismo deles é incrível, ele não tinha vida. Nos treinos eram quatro mil pessoas, e ele ficava duas horas a mais no campo dando autógrafos. Ele só chegava ao hotel no fim do almoço, ainda com a roupa de treino, recordou.
O zagueiro, que estreou no time profissional do Barcelona junto com Lionel Messi, conta que alertou Del Piero sobre como seria a vida caso viesse para o Rio.
— Ele me dizia: ‘Eu posso levar meus filhos no parque ou andar na praia. Na Itália eu não posso’. Eu disse: ‘Você indo ao Brasil, ainda mais para o Flamengo, você voltará a vivenciar isso. E indo mal você também não pode ir ao shopping ou à praia porque terá cobrança’. Nos EUA ou na Austrália eles respeitam mais e não vão te cobrar.
“Agora somos amigos”
Calvano jogou pela primeira vez contra Del Piero quando defendia o Young Boys, da Suíça, e até trocou camisa com o craque. O segundo encontro foi um pouco mais ríspido. Em 2021, o brasileiro, que estava no Newcastle Jets, venceu o italiano, que estreava pelo Sydney FC, por 3 a 2.
Um mês depois da partida, Calvano foi contratado para jogar pelo Sydney FC.
— A gente até discutiu feio nesse jogo. Geralmente, quando isso acontece, fica em campo. Mas, como foi com um cara desta grandeza, eu fiquei apreensivo com a reação dele, contou.
O brasileiro conta que no primeiro dia que chegou ao vestiário do clube estavam apenas Del Piero – escovando os dentes – e o capitão Terry McFlynn, que estava trocando de roupa.
— Eu fui falar direto com o capitão antes. Assim que me virei, o Del Piero estava no armário ao lado do meu. Eu bati nas costas dele e falei em italiano: ‘Agora nós somos amigos, hein’. Ele se virou, fez o gesto com os dedos de ‘unha e carne’ e me deu um abraço (risos). Temos uma amizade até hoje e é um cara sensacional, afirmou.
— Muito melhor jogar a favor do que contra (risos). Logo em seguida, ele pediu pela minha contratação porque eu estava batendo muito nele, brinca ao lembrar.
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