A 3ª Comissão Disciplinar do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) decidiu pela suspensão de dois jogos de Alejandro Kohan e Juan Branda, auxiliares do São Paulo, por causa da confusão no Maracanã, durante partida válida pelo Brasileirão em 25 de julho. O chefe do departamento médico carioca, Márcio Tannure, foi suspenso por uma partida.
Tannure é quem tinha o risco da pena maior no julgamento. O médico havia sido denunciado no artigo 254-A (praticar agressão física durante a partida) e 258 (assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva). As penas somadas poderiam chegar a 18 jogos.
O tribunal, no entanto, entendeu que a reação de Tannure não configurava agressão. Depois do terceiro gol do Flamengo, ele se virou para o banco de reservas e disse “falam muito, falem agora”. A declaração irritou membros da comissão técnica do São Paulo, que foram em sua direção. As câmeras flagraram o momento em que Tannure empurra Juan Branda.
— Vi a reação de empurrar como uma reação mínima diante do pior que estava próximo de acontecer. Me parece que foi uma reação natural de alguém que não queria brigar, defendeu o auditor Rodrigo Raposo. Ele foi um dos que votou pela pena de um jogo para o flamenguista.
Tanurre acabou absolvido da denúncia do artigo 254-A. Ele foi suspenso por uma partida com base no artigo 258.
Inicialmente, a relatoria do caso pedira para que as denúncias fossem convertidas para o artigo 250 (praticar ato desleal ou hostil durante a partida, prova ou equivalente). Foi com base nisso que se deu as suspensões de Alejandro Kohan e Juan Branda.
Durante seu voto, o auditor Alexandre Monguilhott disse que existe um “espírito do macho alfa latino, que ninguém pode ser provocado”. Ele criticou a postura dos auxiliares argentinos do São Paulo de irem para cima de Márcio Tannure após o médico do Flamengo dizer “falam muito, falem agora”.
— Ou a gente entende que as pessoas podem se manifestar – com bastante respeito – ou então não se faz mais entrevista antes e depois do jogo, não se obtém opinião de ninguém. Não é possível uma expressão causar uma série de condutas que poderiam ser piores, argumentou Monguilhott.
O advogado do São Paulo, Pedro Henrique Moreira, afirmou ao longo da audiência que havia uma tentativa de inverter a ordem dos acontecimentos.
— É importante que se diga que não há prova nos autos de que houve uma provocação anterior da comissão técnica do São Paulo. Não há vídeos, registro em súmula, nada. Se o Flamengo acha que houve algo, deveria ter produzido essa prova. (…) Quem causou os fatos foi o médico do Flamengo. Kohan veio para defender o Branda depois de ser empurrado pelo Tannure. Kohan está a todo momento apontando, dizendo que o Tannure tinha provocado e empurrado o auxiliar-técnico do São Paulo.
Em sua defesa, Moreira ainda criticou a atitude da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Após a expulsão de Kohan, um policial chegou a aplicar uma gravata no pescoço do auxiliar do São Paulo.
— É inaceitável que um polícia militar se envolva nesse tipo de tumulto. Não havia confusão, troca de socos, nem briga. Se há alguma necessidade de pena agravosa, não é para os auxiliares do São Paulo. Um respondeu uma provocação, tentou tirar uma satisfação e o outro o tempo todo tentou um cartão vermelho que era justo e correto.
O advogado queria que Kohan e Branda fossem suspensos por apenas uma partida, com a pena sendo revertida em advertência. Por unanimidade, no entanto, a comissão acompanhou o relator Glauber Navega e decidiu pela suspensão de dois jogos para os auxiliares do São Paulo, com base no artigo 250.
Como a decisão é em primeira instância, tanto a defesa de Alejandro Kohan e Juan Branda, quando a de Márcio Tannure podem recorrer das suspensões ao Pleno do STJD.
Retirado de: UOL