O inédito domínio de times brasileiros nas semifinais — com três representantes — aumenta o valor comercial da Libertadores. Há índices como adesão à Conmebol TV e audiência em TVs Abertas e fechada que se inflaram neste cenário. E isso acontece às vésperas de uma nova concorrência pelos direitos da Libertadores, mas que pode ser impactada porque há ameaça de a Globo não participar do processo.
Nas semifinais, estão Atlético-MG, Palmeiras e Flamengo, sendo que os dois primeiros irão se enfrentar. A explicação é a distância financeira destes três clubes para o restante do continente, inclusive gigantes como River Plate e Boca Juniors.
Se outros países ficam incomodados com o domínio, a Conmebol tem ganhos financeiros. O jogo entre Galo e River, exclusivo da Conmebol TV, teve uma das maiores adesões de assinantes. A presença de times brasileiros na Sul-Americana também ajuda nestes números.
Com isso, os canais já atingem um patamar pouco superior a 450 mil assinantes. É cerca de um terço das adesões ao Premiere do Campeonato Brasileiro. Os resultados da Disney e SBT também são considerados satisfatórios em termos de audiência.
O Brasil é o principal mercado da América do Sul e costuma representar 40% das receitas da Libertadores. Por isso a Conmebol mudou a distribuição de vagas com aumento de times nacionais na reforma da competição. E não há sequer discussão na confederação sul-americana para restringir equipes do país nas fases finais porque isso tiraria a vantagem financeira e impactaria parceiros.
Um receio, no entanto, é o domínio nacional impactar o interesse de outros países na Libertadores. Mas há uma percepção de que é preciso aumentar o bolo de dinheiro ganho para atender a times de todas as nações, não só o Brasil. Até porque a divisão de cotas entre clubes é igual, depende da campanha.
É neste cenário que a Conmebol e a FC Diez organizam a próxima concorrência pelos direitos da Libertadores. A previsão é de ser lançada no último trimestre deste ano ou no primeiro de 2022. Estarão em jogo os direitos dos campeonatos de 2023 em diante.
Há uma disputa aquecida e um produto valorizado na visão de participantes do mercado. Mas há uma questão: a participação da Globo. A emissora tem total interesse de voltar a adquirir os direitos da Libertadores, considerado um produto premium.
Mas a Conmebol iniciou um processo contra a Globo na Suíça por quebra do contrato anterior da Libertadores: exige um ressarcimento de todo o acordo. Na visão da confederação sul-americana, hoje, a emissora carioca não poderia participar da concorrência se não houver uma resolução deste litígio. A Globo também não negocia com quem tem litígio. E há pouco tempo para isso se resolver.
A Globo entende que é uma dificuldade, mas não vê como um obstáculo definitivo. Obviamente, sem a maior emissora do país de TV Aberta, haverá menor concorrência pelos direitos.
Ainda também não há certeza sobre o empacotamento dos direitos da Libertadores. A Conmebol TV pode ser mantida ou seus direitos podem ser vendidos em um pacote se for mais vantajoso. Não deve haver divisão por plataformas, mas por grupos de jogos.
A realidade é que a Libertadores, com o aumento do domínio brasileiro, se tornou um produto ainda mais premium. Não é uma má notícia para a Conmebol que viu esses direitos sendo devolvidos há apenas um ano.
Retirado de: UOL