O Grêmio, em alguns momentos, foi melhor que o Flamengo no 11 contra 11. Sabia o que queria, tinha solidez defensiva e velocidade para aproveitar os espaços deixados pelo sistema defensivo. Mas no 11 contra 10, desabou…
Com a expulsão de Isla, no final do primeiro tempo, parecia que o Grêmio teria a chance de abrir vantagem na eliminatória e, “rei da Copa do Brasil” que sempre foi, de repente aprontar para cima de um favorito Flamengo.
Ledo engano. Pelo contrário. Foi o Flamengo que matou a eliminatória, metendo 4 a 0 na Arena. Já está na semifinal com a segunda goleada histórica sobre o Grêmio em menos de dois anos.
Na dificuldade, Renato encontrou a solução para uma fragilidade flegrante. Não consigo ver Diego dando consistência ao meio de campo, o Flamengo sofre demais por ali. Com Thiago Maia, melhorou – e creio que essa mudança poderá ocorrer de forma definitiva.
Michael entrou no lugar de Bruno Henrique, machucado, e voou no segundo tempo, pelo lado defendido por um Vanderson descontrolado emocionalmente. O jovem lateral do Grêmio jogou uma partida uma rotação acima do recomendável na intensidade física, um degrau abaixo na necessidade técnica. Errou bastante, brigou demais. Ainda tem muito o que aprender.
Não sei se será Rafinha a ensinar, já que o veterano, pelo outro lado, também mais atrapalhou do que ajudou o Grêmio. Foi diretamente responsável por terceiro e quarto gols. E certamente será criticado pela torcida tricolor após a saída de campo meio que festiva com os ex-companheiros de Flamengo.
Com a responsabilidade de vencer, o Grêmio precisou fazer aquilo que não está programado para fazer – e, possivelmente, nem treinado para isso neste curto período de “era Scolari”. Precisou construir, atacar. Felipão foi empilhando jogadores de ataque no campo e o Grêmio passou a ameaçar menos e ser mais ameaçado. Ficou exposto.
Felipão é bom em defender resultados, nem tanto em buscá-los. O que era uma fragilidade do Flamengo virou uma fragilidade do Grêmio. Abriu-se o buraco no meio de campo.
O Flamengo fez um jogo grande no segundo tempo, após uma apresentação pífia no primeiro. Como Renato é tudo, menos burro, é possível que a fórmula encontrada na dificuldade prevaleça.
O Grêmio vinha juntando cacos e pontos no Brasileiro, mas é óbvio que uma derrota assim deixa cicatrizes. Veremos quanto tempo vai precisar para levantar de novo.
Retirado de: Blog do Júlio Gomes