O alagoano Marinho não é de Maceió. A pedido do atacante do Flamengo, esta reportagem começa com uma informação que ele pede que seja amplamente divulgada: sua cidade natal é Penedo, situada às margens do São Francisco e coladinha na divisa com Sergipe:
“Escreve aí umas dez vezes que eu sou de Penedo”.
O vermelho e o preto nunca foram novidade para o jogador, que aprendeu a amar as cores desde que corria atrás da bola com os amigos. Por influência do pai, José Carlos, ele cresceu sonhando em brilhar no Maracanã cheio e com a Nação a seu lado. Houve um namoro em 2016, mas o casamento aconteceu anos depois. O assombro com o tamanho do clube, ele afirma, é grande mesmo para quem sempre foi um torcedor.
“Além dos jogadores que temos e da dimensão do que é o Flamengo, entender isso é gigantesco. É um privilégio muito grande. É incrível ver o que é a torcida do Flamengo. Em qualquer cidade só tem flamenguista. Falo pela minha cidade. Meu pai andava com camisa do Flamengo o tempo todo, minha sobrinha mal nasceu e já tinha roupinha. Minha casa respira Flamengo. Realizar esse sonho e estar aqui é muito incrível. Tudo respira Flamengo no Rio e no Brasil”, disse ele, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
“Viver e respirar isso é incrível. Paro no sinal e vejo as crianças vendendo bala com a camisa do Flamengo. Eu acho muito incrível o que o Flamengo representa para quem joga e para o torcedor. Temos de fazer mais do que o máximo. Sentir o torcedor vibrar e cantar nos move. Eu me arrepiei entrando em campo com a torcida no Maracanã”, acrescentou.
Conhecido pelo jeito espontâneo, o camisa 31 demonstra sensibilidade com as dificuldades alheias. Durante sua passagem pelo Santos, foi alvo de racismo e, aos prantos, se posicionou de forma dura. O episódio abriu os olhos do atacante, que entendeu o poder de sua voz e não pretende deixar desamparados aqueles que não podem se manifestar:
“As pessoas têm medo de expor algo, muitos falam que é só um mimimi. A partir do momento que aconteceu comigo, falei que não tinha como aceitar. Vou ficar batendo de frente com isso. Se quem tem uma voz não se manifestar, vamos deixar quem passa por isso diariamente desprotegido. Se uma pessoa pública não se manifesta, nunca vai acabar. Sempre procurei estudar e brigar pelo que acho certo. Não é só sobre racismo. Tem muito crime sendo cometido por homofobia. Isso machuca e maltrata as pessoas que passam por isso. Não é bacana. É uma das coisas que eu estou junto. O Flamengo está sempre engajado nessas causas também, isso nos fortalece para a gente não lutar sozinho. A gente tem oportunidade de ser uma voz ativa para as pessoas que estão ocultas e não podem se expor”, expôs.
Famoso pelos memes e o jeito despojado, o rubro-negro disse que refletiu sobre seu comportamento e que as brincadeiras têm hora. Mais que um cara engraçado, ele quer ser reconhecido por outras qualidades.
“Não é só meme e um cara engraçado, sou um cara inteligente”, afirmou.
Retirado de: UOL