O Flamengo adiantou marcação, desarmou no campo de ataque e teve volume de jogo avassalador em um bom período do jogo no Maracanã para atropelar um São Paulo que precisa encontrar soluções e competitivo longe do Morumbi.
Os 3 a 1 saíram barato e só houve algum equilíbrio por conta do empate enganoso no final do primeiro tempo, fruto de um lapso de liberdade para o time visitante trocar passes, Rafinha cruzar e Rodinei, mais uma vez, não se garantir na última linha defensiva e permitir a cabeçada com liberdade do artilheiro Calleri.
Foram 19 finalizações rubro-negras, 14 de dentro da área, oito no alvo. Apenas seis concedidas, uma na direção da meta de Hugo, que voltou ao time, deixando Santos na reserva. O controle não foi pela posse, com apenas 53%, mas pela imposição física, técnica e anímica, com a ajuda da torcida, empolgada com o bom desempenho.
Os grandes destaques individuais, porém, têm a marca do treinador Paulo Sousa. Na verdade são o grande mérito do treinador português desde sua chegada, com todas as limitações e dificuldades de um trabalho de reconstrução da equipe.
João Gomes teve uma atuação portentosa. Nota dez. Não só pela reconhecida capacidade na marcação, com três desarmes, mas, principalmente, por passes que fugiram muito do trivial. Longos, achando os companheiros livres em progressão e acelerando os ataques. Bem diferente dos toques curtos, laterais e, muitas vezes, errados de outras partidas.
Lázaro ficou um pouco abaixo. Não tão participativo, até pela função mais específica como ponta/ala pela esquerda na variação do 3-4-2-1 com bola para as duas linhas de quatro na fase defensiva, mas igualmente desequilibrante. Conduzindo a bola com o pé direito, cortando para dentro e finalizando ou encontrando companheiros com liberdade.
Desarme de João Gomes, assistência de Lázaro, gol de Gabigol. Passe longo do volante, que foi muito bem assessorado por um Thiago Maia em ascensão pelo maior ritmo de jogo, e golaço de Isla, um protagonista improvável que substituiu o Rodinei de sempre: participativo na frente, um desastre defendendo.
Lázaro entregou tudo em cerca de 65 minutos, inclusive um toque de letra e um passe para finalização de Arrascaeta. Saiu para a entrada de Marinho, que não parece à vontade pela esquerda, mas também deixa 100% em campo. Inclusive uma assistência meio sem querer para De Arrascaeta decretar o placar final e confirmar outra boa atuação individual no Maracanã, como Filipe Luís, Everton Ribeiro e Gabigol.
Mas os garotos acima de todos. Símbolos de um trabalho que vai construindo resultados e ganhando confiança justamente no período sem tempo para treinar. Com a mão menos pesada do treinador na montagem, dando liberdade aos jogadores dentro de uma estrutura mais flexível.
As digitais do português, porém, estão bem claras no destaque dos meninos. A lamentar, a fratura na fíbula de Matheus França, que entrou bem nos minutos finais. Mas João Gomes e Lázaro representam com brilho os jovens da base que ganharam espaço e relevância. Pontos para Paulo Sousa.
Retirado de: UOL