Palco que já recebeu jogos do time profissional e shows internacionais, o Estádio da Gávea passa por reforma de recuperação estrutural. A arquibancada de concreto, erguida em 4 de setembro de 1938, sofre de oxidação, e por isso não vem recebendo torcedores em jogos das equipes das divisões de base do Flamengo. É comum ver associados assistindo às partidas atrás de um dos gols e do outro lado do campo, como aconteceu em Fla-Flu válido pelo Brasileiro Sub-20, na última segunda-feira.
As reformas também provocaram o fechamento temporário do Ginásio Togo Renan Soares, Kanela, que fica embaixo da arquibancada e recebe atividades de vôlei e futebol de salão. Se as obras na arquibancada se iniciaram entre o fim de fevereiro e o início de março, a interdição do Togo Soares aconteceu um pouco antes, em dezembro de 2022.
O Conselho de Administração do Flamengo aprovou no ano passado um investimento de R$ 4,5 milhões para a execução da reforma de recuperação estrutural. A conclusão da obra na arquibancada está prevista para novembro de 2023. O vice de patrimônio do Rubro-Negro, Artur Rocha, lança mão de metáfora para explicar por que mudanças estão sendo realizadas e mostra otimismo em relação ao que espera do resultado final.
— Não é que estava desgastada, a arquibancada é muito antiga (de 1938). O concreto na engenharia é considerado um ser vivo. Você fica doente se não tomar remédio, se dormir ao relento, por exemplo. O Flamengo não deu o cuidado que a arquibancada merecia, e ela ficou com algumas doenças. Nenhuma doença mortal, não está terminal. Detectamos o que está de ruim e estamos impermeabilizando tudo. O maior agente dos problemas que a arquibancada tem chama-se água. Não há colapso, há uma falta de impermeabilização. Não tem doença terminal, é oxidação.
— Há algumas partes que estão com problema e ferragem exposta. Pode haver um desprendimento e machucar alguém. Estamos consertando e esperamos ter uma arquibancada sadia por mais uns 40 ou 50 anos. O conserto da ferragem é feito por baixo, por isso não dá para usar os vestiários. A impermeabilização é feita por cima.
Artur Rocha rechaça a possibilidade de queda da arquibancada, levantada por alguns associados após imagens exibidas pelo SporTV no Fla-Flu da segunda-feira. Diz, sim, que o Flamengo interditou o Renan Togo Soares e a arquibancada para evitar pequenos acidentes. Apesar da decisão preventiva, garante que, durante a obra, nenhum pedaço de concreto caiu no piso da quadra.
— A primeira interdição do Ginásio Togo Renan Soares (Kanela) aconteceu no ano passado. Estamos fazendo uma engenharia de recuperação estrutural. Com a oxidação da ferragem, aumenta-se o volume e estoura o concreto. É como se você colocar gelo numa garrafa e levá-lo ao congelador. Ela vai estourar. Num lugar ou outro a ferragem ficou exposta. A gente troca a ferragem e recompõe o concreto depois do conserto. Como o maior agente para isso (a oxidação) é a água, estamos impermeabilizando em cima para se ter uma garantia maior nessa estrutura.
— Com a paralisação das atividades, muita gente falou que a arquibancada poderia cair, mas há o risco de caírem pedacinhos de concreto. Mesmo com a vibração dos marteletes para tirar a camada de proteção, não caiu nenhum pedacinho em quatro meses de obra no ginásio.
Modernização da estrutura abaixo da arquibancada
Rocha estima que no fim do ano o Estádio José Bastos Padilha, nome original do Estádio da Gávea, esteja habilitado para jogos do futebol feminino, atendendo a uma exigência mínima de público. Além disso, garante que a estrutura será modernizada, com direito a vestiário mais moderno e espaço para a imprensa também atualizado.
— No final do ano, ali vai ser programado o palco do futebol feminino e da divisão de base. Vamos dar uma melhorada no vestiários, atualizá-los. A arquibancada vai poder receber de 1.200 a 1.300 pessoas. Vamos fazer cabines fixas de rádio e televisão para tornar o estádio viável e dar utilidade ao campo de futebol. O Vítor Zanelli (vice-presidente da base, do futebol feminino e do futsal) está satisfeito porque ele precisa de 1.500 lugares para receber jogos do futebol feminino. Temos umas cadeiras que ficam abaixo da arquibancada, e elas vão nos permitir a chegar a esses 1.500 pessoas.
Perguntado se a reforma do José Bastos Padilha não conflita construção de um miniestádio no Ninho do Urubu prevista para o fim de 2023, Rocha discorda e celebra o fato de o clube poder contar com mais um praça para a prática de futebol em condições de se receber tanto a equipe feminina quanto as categorias de base.
Artur Rocha se diz satisfeito por outras obras de modernização estarem em curso nas sedes do clube. Há manutenção do prédio do esportes olímpicos e a construção de uma rampa para que cadeirantes visitem o remo do clube. A inauguração da quadra de beach tênis e de um parque aquático nos últimos anos são outros fatores que têm animado Rocha à frente da vice-presidência de patrimônio, assim como o plano de expansão do terreno do Ninho do Urubu.
Retirado de: Globo Esporte