Incomodada com o clima hostil em torno dos árbitros no momento de análise das imagens do VAR, a Ferj decidiu alterar o posicionamento do monitor do árbitro de vídeo no Maracanã. Inicialmente colocado na saída do túnel de acesso ao vestiário, entre os dois bancos de reserva, a tela será instalada na linha lateral oposta. A mudança já vale a partir da final da Taça Rio, domingo, entre Vasco e Flamengo.
O comportamento de jogadores e comissão técnica no clássico entre Flamengo e Fluminense, pela semifinal, foi o estopim para a tomada de decisão da comissão de arbitragem. Já houve uma reunião com a Hawk-Eye, empresa responsável pelo serviço, para operacionalizar o ajuste.
Na quarta-feira, o VAR foi usado duas vezes para alterar marcações de campo. Na visão da Ferj, ambas foram corretas. O que não deu para aprovar foi a intimidação em torno da turma do apito.
– A questão de civilidade e educação em relação ao VAR tem que mudar. É humanamente impossível o árbitro trabalhar dessa forma. E o mau comportamento tem exemplo nas comissões técnicas. A tropa reflete o comandante. O exemplo vem e cima. É um contexto que vem de muito tempo – comentou Jorge Rabello, presidente da comissão de arbitragem.
Além da reclamação intensa, com técnicos urrando à beira do campo e jogadores medindo forças no corpo a corpo, a Ferj notou que muitos pedem revisão de situações que não estão previstas no protocolo. E isso denota outra vertente da falta de educação: o desconhecimento do regulamento.
– A Ferj antes das semifinais, se colocou à disposição para fazer palestras sobre o VAR. Flamengo e Fluminense responderam que já tinham recebido. Não foi da Ferj. Vasco e Bangu não se pronunciaram quando tiveram tempo hábil. Há uma grande desinformação em função disso. Mas o fundamental mesmo para tomarmos a decisão foi o péssimo exemplo dado por jogadores por comissões e jogadores – contou Rabello.
A regra dá suporte ao árbitro, caso a decisão de coibir a reclamação generalizada seja com cartão amarelo. Mas a comissão de arbitragem da Ferj defende uma mudança de hábitos por parte dos enolvidos no jogo.
– É uma questão educacional e cultural. O comportamento dos jogadores tem sido debatido ao longo dos anos. É uma coisa sem fim, que vem de antes do processo VAR. O árbitro está sempre cercado em qualquer decisão. Sempre quatro, cinco. Se o árbitro ficar punindo a todos, o jogo vai acabar antes da hora. A questão do comportamento começa na base. Para combater isso, há duas opções. Uma é corretiva, dando cartão pra todo mundo. A outra, que é a mais lógica, é preventiva, no sentido de técnicos e jogadores chegarem a um consenso – disse Jorge Rabello.
O que a Ferj não tem a pretensão é de, mesmo com VAR, dar fim às discussões, civilizadas, envolvendo jogadas interpretativas:
– Lance objetivo não vai ter polêmica. Lance subjetivo sempre vai ter polêmica.
O novo posicionamento ainda trará a reboque a diminuição do painel que protege os monitores, melhorando o campo de visão dos torcedores. O protocolo do VAR permite essa realocação.
– Sempre que há um pedido de autorização do uso do árbitro de vídeo, além de passar os dados do local e da equipe, mandamos um plano de câmeras e monitores. Tem até atrás do gol, que eu não acho conveniente. Tem o espaço 1, que é onde está hoje, e o espaço 8, no lado oposto do gramado. Vai ser esse lado que vamos usar – explicou Rabello.
Retirado de: O Globo