Foi-se o tempo em que um título estadual era sinônimo de tranquilidade no primeiro semestre. Cinco dias após conquistar com certa facilidade o Campeonato Carioca, com duas vitórias sobre o Vasco, o clima no Flamengo não é dos melhores.
Em um clube com alto investimento e sedento por grandes conquistas, o troféu virou mero detalhe diante do tropeço para a LDU, no Equador, que colocou em risco o planejamento de 2019, que tem como prioridade a Libertadores.
É nesse ambiente, de semblantes tensos e pressão, que o time de Abel Braga estreia no Campeonato Brasileiro neste sábado, contra o Cruzeiro, às 21h (de Brasília), no Maracanã. Competição que, assim como a Libertadores, está entre as preferências na Gávea, mas reservou uma tabela difícil para o Flamengo no início. Depois de enfrentar a Raposa, única da Série A ainda invicta na temporada, o Rubro-Negro terá pela frente Internacional e São Paulo fora de casa.
Críticas ecoam, e Fla junta os cacos
As críticas oriundas de redes sociais e arquibancadas passaram a ecoar também nos bastidores do clube. Dentro do departamento de futebol, porém, o trabalho segue prestigiado e, por ora, Abel Braga não está em xeque. Mas algumas decisões do técnico não caíram bem nos corredores da Gávea, em especial a opção por Gabigol na direita. O camisa 9, que vinha em uma sequência grande de bons jogos e virou o artilheiro do time na temporada, não conseguiu repetir o nível de atuação jogando pelo lado de campo. Todos os seus gols foram com ele de centroavante.
Por outro lado, é consenso interno que Abel fez falta contra a LDU. Suspenso da partida pela Conmebol, o treinador acompanhou o jogo de uma cabine do Estádio Casa Blanca, sem sequer poder ter contato com os jogadores. Sua ausência à beira do campo e, principalmente, no vestiário durante o intervalo é apontada como fatal pelo fato de o time não ter reagido no segundo tempo, após sofrer o gol de empate nos acréscimos da primeira etapa.
Não foi o primeiro tropeço no ano do Flamengo, que já havia perdido antes para o Fluminense na semifinal da Taça Guanabara e para o Peñarol, do Uruguai, na Libertadores. Mas o baque da derrota para a LDU foi o maior até o momento na temporada: pela primeira vez o clube vê a vaga nas oitavas de final da Libertadores realmente ameaçada. Na volta ao Rio de Janeiro, o elenco estava visivelmente cabisbaixo, abatido.
O diagnóstico é que o Flamengo precisa de uma resposta rápida. O clube junta os cacos da derrota no Equador para largar bem no Brasileirão. O planejamento inicial previa poupar os titulares devido à maratona que em poucos dias reservou título carioca, dois voos de mais de seis horas e um jogo a 3.100 metros de altitude – o estádio Casa Blanca fica em uma região ainda mais alta do que os 2.800 metros de Quito. Porém, a comissão técnica desistiu da ideia.
Abel decidiu que irá escalar a maioria dos titulares, respeitando o departamento de fisiologia que indicar um ou outro que estiver mais desgastado para ser preservado. Como por exemplo o caso de Diego Alves, que está com um quadro de lombalgia e será substituído por César. O elenco está sendo avaliado no CT, e a definição de quem irá jogar ainda não foi tomada. Ela será feita após o treino desta sexta-feira.
Começar bem o Brasileiro virou uma questão de necessidade diante do risco de uma nova eliminação na fase de grupos da Libertadores. Embora jogue pelo empate em Montevidéu, no Uruguai, e somente uma em nove combinações de resultado no grupo tire o clube do torneio, tanto a comissão técnica, a diretoria e principalmente a torcida sabem que o improvável já aconteceu há dois anos com um cenário igual.
Até a “decisão” contra o Peñarol no dia 8 de maio, serão duas semanas tensas em que o Brasileiro estará em foco, mas será impossível esquecer a Libertadores. Até lá, o Flamengo tenta arrumar a casa e colocar o trem no trilho para seguir sonhando alto em 2019.
Retirado de: Globo Esporte