Atuações nada convincentes, resignação em posicionamentos e pressão crescente da torcida. Esses são só alguns dos fatores que têm minado o futuro de Abel Braga no Flamengo. Faltando menos de uma semana para o confronto decisivo contra o Peñarol pela Libertadores – quarta-feira, em Montevidéu -, a diretoria avalia prós e contras de uma mudança imediata no comando técnico.
Além dos resultados que respaldavam o treinador há uma semana, o futebol abaixo da média apresentado ao longo de quatro meses de trabalho pesa na avaliação, bem como o comportamento de Abel.
A entrevista coletiva após a derrota para o Inter (clique aqui para assistir na íntegra) gerou insatisfação externa e internamente.
Mais do que o conformismo pelo revés em Porto Alegre, dirigentes ficaram incomodados com a declaração de que o Beira-Rio é um estádio melhor que o Maracanã, recém-assumido pelo Rubro-Negro. Há uma sensação de que Abel e diretoria não falam a mesma língua.
– Ele parecia que estava fora da casinha – disse um membro da gestão.
Abel tem noção que a pressão só faz crescer e que seu trabalho tem sido questionado, mas diz aguentar bem. O técnico sabe que seu futuro no clube está em aberto.
Futuro em jogo
A seis dias de definir o futuro na Libertadores – e no ano -, a presença de Abel Braga na viagem de segunda-feira para Montevidéu não é uma certeza. A falta de nomes de consenso no mercado joga a favor do treinador, mas há quem aposte que a troca de comando é uma questão de tempo.
– Não podemos editar os fatos, eles acontecem. A realidade da semana passada não é a mesma desta semana. Não sei o que acontecerá. Temos que avaliar tudo – definiu outro dirigente.
Mesmo em caso de permanência e classificação diante do Peñarol, o trabalho de Abel Braga seguirá em xeque e a parada para Copa América é vista como limite para mudança de rumos. Há, porém, quem defenda que uma atitude seja tomada imediatamente.
– Não vamos ficar parados por medo – destacou outra pessoa ligada ao futebol.
Alguns jogadores incomodados
O desconforto com Abelão chegou até mesmo a alguns jogadores, que evitam o confronto, mas não entendem mudanças de posicionamento constantes. Alguns atletas se sentem diretamente afetados e prejudicados e deixam claro a insatisfação com as alterações para pessoas próximas.
A diretoria se vê também em uma sinuca de bico na relação discurso e prático. Por mais que haja a expectativa por cobranças mais veementes no departamento de futebol, há também o desejo de não repetir condutas que avaliam como equivocadas da gestão Bandeira.
Uma das mais questionadas foi a constante troca de técnicos: 14 em seis anos, uma média de um a cada cinco meses.
– O prazo está para vencer – brincou um membro da diretoria.
O pacote apresentado por Abel em quatro meses, por sua vez, pesa mais do que essa briga com o passado no momento. A cabeça dos dirigentes ferve até o jogo com o São Paulo, domingo, no Morumbi, pela terceira rodada do Brasileirão.
Retirado de: Globo Esporte