Em três anos e meio de Flamengo, Diego estabeleceu uma relação que ele não pretende romper tão cedo. O meia está com 34 anos e o contrato atual expira em dezembro do ano que vem. E ele ainda admite que, mesmo quando não for mais profissional, o futuro que vislumbra será vermelho e preto.
— Eu ainda não paro muito para pensar. Mas não me vejo fora do Flamengo. Não consigo. Tenho certeza que é uma grande possibilidade estar aqui nos próximos anos — disse Diego ao jornal ‘O Globo’, após ser indagado como se vê daqui a cinco anos.
Diego não tem mais a vitalidade do garoto de 17 anos que explodiu no Santos campeão brasileiro de 2002 e foi campeão da Copa América em 2004 pelo Brasil. A conquista de um combo expressivo de títulos pelo Flamengo neste 2019 (Brasileirão e Libertadores, além do Carioca) reforça o elo com o rubro-negro. Mas ele não estipula data para mudar de função nem crava o caminho exato que traçará:
— Quero continuar no futebol. Não sei exatamente em qual cargo. No momento, não tenho definido.
Desde julho de 2016, Diego é um dos líderes do elenco. Entre os medalhões, é quem está há mais tempo no clube. Na temporada atual, o meia de alguns fios prateados acumula 37 jogos e quatro gols – ao todo, são 154 jogos pelo clube. Antes de festejar a Libertadores e o Brasileiro, viveu as duras campanhas recentes na Série A e os dolorosos vices da Sul-Americana e da Copa do Brasil, em 2017.
O caso Juan
No Flamengo, o ex- zagueiro Juan já faz a transição do campo para o escritório. depois de romper o tendão de Aquiles em 2018, ele se despediu no 3 a 1 sobre o Cruzeiro, pela primeira rodada do Brasileirão. O clube agora lhe dá suporte para que ele se qualifique a um cargo de gestão do futebol.
Diego reconhece que Juan o influencia. Tanto que ontem fez uma postagem nas redes sociais para homenagear o amigo, dizendo que Juan também faz parte deste sonho concretizado. Segundo Diego, o ex-zagueiro foi a primeira pessoa para quem telefonou antes de assinar com o Flamengo.
— Jogando ou não, você será sempre uma grande referência — escreveu Diego.
Enquanto a idade não vira obstáculo intransponível, Diego dá sua contribuição ao time, mesmo sem ser titular. A final da Libertadores expôs isso. Foi dele o desarme em Lucas Pratto na origem do primeiro gol. Na virada, saiu dos pés do camisa 10 o lançamento que Pinola desviou para o chute decisivo de Gabigol.
— Precisávamos de um passe diferente, sermos agressivos na tentativa. Queria colocar a bola nas costas da defesa. E o Gabriel foi feliz na batida e no tempo de bola — contou Diego.
A fratura no tornozelo sofrida na derrota para o Emelec, nas oitavas de final da Libertadores, não dava espaços para imaginar Diego de volta nesta temporada. A previsão inicial de recuperação caiu por terra, e o meia voltou a tempo de viver, em campo, a emoção de ganhar os dois títulos pelo Flamengo. Logo ele, que iniciou, meio sem querer, o uso da expressão “cheirinho” — no bom sentido — em 2016.
— Realizar esse sonho, depois de tudo que planejei, é muito gratificante. É um privilégio. São dois títulos de muito peso. E nós conseguimos — disse o meia, que já vislumbra a disputa do Mundial, em dezembro.
A representatividade de Diego vai além do campo e passa pelo discurso. Na comemoração, interrompeu os gritos de euforia para puxar a música em homenagem aos dez jogadores da base que morreram no incêndio no Ninho, em fevereiro:
— Os garotos são sempre lembrados. São uma grande inspiração. Eles fazem parte de tudo isso. Eles e os familiares jamais serão esquecidos.
Retirado de: O Globo